Por Dr. Plínio Corrêa de Oliveira

Há uma coisa que não decepciona nunca, é o amor materno. A boa mãe só não é solidária com o pecado do seu filho. Fora disso, é todo o resto solidariedade integral até o fim. 

Isso inclusive contra o marido, contra o que fosse. O filho dela é o filho dela, não tem mais conversa. 

Agora essa noção se reporta a Nossa Senhora, porque se assim é ou deve ser a mãe, então Nossa Senhora que é Mãe de Nosso Senhor de Jesus Cristo e Mãe de todos os homens e Mãe de todas as Mães, Nossa Senhora tem essa disposição materna elevada a um grau inimaginável, de maneira que com cada um de nós, aconteça o que acontecer e peque como pecar, está no caso de se acercar dela e dizer: 

Minha Mãe, vede que canalha está aqui. Eu sei que sou Vosso filho e Vós sabeis que sois minha Mãe. E  em nome disso eu confio na Vossa misericórdia, me ajoelho diante de Vós e digo a Salve Rainha ou digo o Lembrai-Vos. 

Porque eu sei que se Judas Iscariotes tivesse vindo pedir-Vos perdão ou simplesmente tivesse querido ver-Vos, mais nada, com o bolso ainda cheio das trinta moedas da infâmia, Vós não o rejeitaríeis.

E Vós conversaríeis com ele e durante o mesmo tempo pediríeis ao Vosso divino Filho a graça de ele jogar fora as moedas, para depois poder começar uma conversa.

Bom, minha Mãe, por pior que eu tenha feito, eu não fiz o que fez Judas. Se eu tivesse a desgraça de ser Judas, com a mesma confiança eu iria a Vós.

Porque se eu sei quem eu sou, eu sobretudo sei quem sois Vós. Eu conheço a minha infâmia, mas conheço Vossa Santidade. 

E é por isso, gemendo sob o peso dos meus pecados me prostro a Vossos pés. E concluo com o Lembrai-Vos, não desprezei minhas súplicas. 

Eu sei que mereço um desprezo, mas não de Vós que sois Mãe, mas dignai-Vos de ouvir propícia, propícia quer dizer bondosa, e alcançar-me o que Vos rogo. 

Eu peço perdão, eu sei de antemão que eu teria o caminho aberto pro perdão da pior infâmia. Não tem conversa. 

Não é o caso de desesperar, desesperar nunca, porque Ela existindo não se desespera.  A gente tem esperança mesmo na mais pavorosa das situações. 

Tomando em consideração isso, eu devo dizer mais, que se nessa hora me fosse dado ver a disposição Dela ao meu respeito, se me fosse dado vê-La, eu perceberia que Ela estaria me olhando com tal bondade que me racharia a alma e me converteria. 

Eu viria nela uma tristeza enorme pelo meu pecado, é certo que eu viria, mas por cima mesmo dessa tristeza, um começo de alegria, afinal ele veio. 

E com esse começo de alegria, um começo de benefício, Ela que me atraiu para eu vir, eu venho e ela começa a me atrair mais a Ela, mais a Ela, mais a Ela , enchendo-me de dor, enchendo-me de vergonha; eu vou me vendo, vou renascendo, isso eu para querer ela. 

Quem é Ela? Mãe de um miserável, Mãe de Judas e Mãe de Jesus Cristo, que diferença! 

Quando Nosso Senhor morreu é absolutamente certo que Ela fez um milagre desse gênero, porque o Bom Ladrão se converteu e o Bom Ladrão não pode se ter convertido sem que Ela tenha pedido por ele. 

Quer dizer, se o Bom Ladrão se converteu, é porque ali estava Nossa Senhora, que vendo o Filho Dela sofrer, daquele jeito, caminhar para aquela morte, não se deixou se absorver só sobre isso, mas também foi Mãe daquele miserável, Mãe do Cordeiro de Deus e Mãe dos dois bandidos que estavam lá e rezou ao Cordeiro de Deus pelo bandido e o bandido se arrependeu. 

Quem sabe se Ela rezou depois de ver o bandido dizer uma injúria particularmente atroz contra Ela, quem sabe se ele clamou injúrias contra Ela e Ela rezou ainda mais. 

Com certeza, rezou pelo outro bandido também, mas o outro recusou, o bandido bom não recusou. 

O primeiro santo canonizado na história é um bandido e esse, esse não foi canonizado por um Papa; era suficiente ser canonizado por um Papa, mas ele foi canonizado pelo próprio Jesus Cristo. 

Bom, mas é frequente que uma alma tendo recebido de Nossa Senhora a graça de uma grande emenda, de um grande apuro, salvo de um grande apuro qualquer, ela recebe no mesmo instante algo que é como se tivesse tido um contato com Nossa Senhora. 

Não é uma visão, não é uma revelação, não é nada, mas é algo que é como se tivesse tido contato com Nossa Senhora e nesse momento lhe fica algo para a vida inteira. 

E Ela toma, por assim dizer, um conhecimento experimental do que é a Bondade de Nosso Senhor. 

É como que se Nossa Senhora lhe tivesse aparecido num sorriso, mesmo que Nossa Senhora  simplesmente tivesse tocado com a mão no ombro, os senhores sabem que simplesmente de Ela tocar com a mão celeste Dela no ombro de qualquer um de nós, nós a reconheceríamos, né? 

Ainda que não A víssemos, nos sentiríamos inundados de virtude e de felicidade, diríamos que foi a mão Dela que tocou em mim.

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