Ataques, censuras e profanações se repetem da Ásia às Américas. Entre o fogo das milícias e o silêncio das democracias, a fé cristã segue ferida, mas viva.

A perseguição aos cristãos, muitas vezes reduzida a estatísticas, tem rostos, nomes e datas.
Nesta semana, fatos de continentes diferentes compõem um quadro inquietante.
Ataques cruéis na Nigéria, o drama de meninas sequestradas no Paquistão, novas amarras à fé na China, violações em Cuba, um assassinato que choca a França, sinais preocupantes na Itália e hostilidade crescente nos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, vozes de alerta na própria Europa soam com força.
Como a do Osservatorio sulla Cristianofobia, dirigido por Federico Catani, lembrando que não se trata de incidentes isolados, mas de uma tendência global.
China: quando rezar se torna “infração”
A política religiosa chinesa avança para subordinar toda expressão de fé ao Estado.
O portal Bitter Winter publicou, em 15 de setembro, as novas Regulations on the Online Behavior of Religious Clergy, que impõem um controle rigoroso sobre qualquer atividade religiosa na internet.
Entre as proibições: transmitir liturgias e catequeses sem autorização, ensinar menores de idade sobre religião, e manter contato digital com entidades estrangeiras.
Essas normas fazem parte da chamada “sinização da religião”, processo que busca moldar a fé à ideologia do Partido Comunista.
Na prática, igrejas não registradas são fechadas, cruzes removidas de templos e casas, e padres que recusam a filiação à Associação Patriótica, controlada pelo Partido Comunista, sofrem intimidações e prisões.
Até mesmo uma homilia enviada por e-mail pode ser enquadrada como “atividade religiosa não autorizada”.
A Igreja vive sob constante vigilância: cada encontro ou mensagem pode ser interpretado como irregular, e o resultado é o medo, a autocensura e o esvaziamento das comunidades.
Índia e Paquistão: leis ambíguas e violência aberta
No subcontinente indiano, a cristofobia tem duas faces.
Na Índia, o nacionalismo hindu alimenta suspeita e hostilidade contra os cristãos: templos atacados, clérigos agredidos e conversões vistas como crime.
Basta um boato para que vilarejos inteiros sejam intimidados.
No Paquistão, a ferida é mais cruel.
No Dia Internacional da Menina, 11 de outubro, recordou-se o caso de Sana Yousaf, de 15 anos, sequestrada em Punjab, forçada a se “converter” ao islã e a casar-se com seu raptor.
Por meses, viveu em cativeiro, sofrendo abusos, até ser resgatada por advogados cristãos da ADF International.
Casos assim se multiplicam: meninas cristãs pobres são raptadas, convertidas à força e usadas como símbolos de dominação religiosa.
Quando as autoridades aceitam essas “conversões voluntárias”, as vítimas perdem voz, casa e dignidade.
É cristofobia na forma mais perversa: violência sexual e religiosa combinadas, em que a fé da vítima é instrumentalizada para legitimar o abuso.
Por isso, é essencial fortalecer a proteção jurídica e diplomática dessas famílias. Sem ação internacional, a violência contra meninas cristãs permanecerá invisível e impune.
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Nigéria: o massacre esquecido dos fiéis
No dia 14 de outubro, milícias Fulani atacaram vilarejos cristãos no estado de Plateau, durante as orações da noite.
Treze cristãos foram mortos, dezenas feridos, casas e igrejas incendiadas.
O massacre, quase ignorado pela grande imprensa, faz parte de um genocídio lento: desde 2009, mais de 50 mil cristãos foram assassinados na Nigéria.
Em regiões inteiras, quem vai rezar não sabe se voltará vivo.
A destruição sistemática busca apagar o cristianismo do mapa, deixando ruínas e medo.
É o retrato extremo da cristofobia: fé atacada por existir.
A expressão “genocídio lento” não é exagero retórico: há uma clara vontade de expulsar ou aniquilar comunidades cristãs, quebrando sua resiliência social e econômica.
É urgente que organizações humanitárias e diplomacias apoiem corredores de ajuda, projetos de reconstrução e mecanismos de denúncia, pois sem essa rede o terror vence pelo cansaço.
Cuba: a fé punida atrás das grades
Um relatório da Christian Solidarity Worldwide revelou que prisioneiros cubanos são impedidos de ler a Bíblia, rezar ou receber visita de ministros religiosos.
O regime usa o isolamento e o medo como instrumentos de repressão.
Com o aumento de presos políticos desde 2021, a religião passou a ser tratada como fator de subversão.
Mesmo fora das prisões, o culto público é vigiado, e padres críticos enfrentam restrições e perseguição.
Ainda que haja comunidades autorizadas e igrejas abertas, a mensagem subjacente é clara: a religião é tolerada enquanto não questiona nada e não anima a vida cívica.
Acompanhar jurídica e espiritualmente os presos é obra de misericórdia, e expor essas violações com dados e testemunhos ajuda a reduzir a impunidade.
Enquanto o mundo silencia, nós continuamos mostrando a verdade. A sua doação garante que cada novo ataque não seja esquecido. Contribua agora e fortaleça esta missão.
Europa: da zombaria ao martírio
Na França, o assassinato de Ashur Samya, refugiado iraquiano cristão e deficiente físico, chocou o país.
Em 10 de setembro, ele foi morto a facadas em Lyon por um homem argelino.
Ashur produzia e transmitia conteúdos sobre a fé cristã nas redes sociais e havia recebido ameaças.
Podemos afirmar que há indícios muito fortes de que sua fé — sua visibilidade como cristão, sua produção de conteúdo religioso e as ameaças prévias — foram elementos relevantes para o ataque.
Porém, como o inquérito ainda não concluiu oficialmente que o motivo foi exclusivamente religioso, é mais preciso dizer que o caso é amplamente tratado como testemunho de cristofobia.
Ao norte, na Finlândia, a deputada Päivi Räsänen, mãe e avó, enfrenta um terceiro julgamento por ter citado a Bíblia publicamente.
Absolvida duas vezes, volta ao banco dos réus por defender a doutrina cristã sobre a família.
Assim, quando textos sagrados podem ser interpretados como discurso proibido, quando a liberdade religiosa dos cristãos é relativizada, quando atentados a igrejas se tornam tolerados, a Europa renega sua própria história.
Esquece que sua cultura nasceu também das catedrais, onde fé, arte e razão se encontraram para dar forma àquilo que ainda hoje chamamos de civilização cristã.
Itália: cristofobia nas escolas
Na Itália, surgem sinais de intolerância disfarçada de inclusão.
Em Cerea (Verona), quatro alunos muçulmanos taparam os ouvidos durante a bênção de inauguração de uma escola, dizendo que sua religião proíbe ouvir preces cristãs.
Pouco depois, em Monfalcone, alunas foram autorizadas a usar véu integral e túnica, dispensadas de certas atividades físicas e monitoradas por professores.
Algumas escolas suspenderam aulas no final do Ramadã, desrespeitando as normas nacionais.
Esses gestos revelam um fenômeno inquietante: em nome de uma falsa neutralidade, exclui-se a fé cristã do espaço público e privilegiam-se outras expressões religiosas.
Quando o crucifixo se torna incômodo e a bênção é tratada como afronta, a escola renuncia à sua vocação de formar para o respeito às raízes da própria comunidade.
É preciso reafirmar, com serenidade, o direito de expressar a fé em público.
Estados Unidos: fé sob pressão no ambiente universitário e digital
Nos EUA, embora a liberdade religiosa seja formalmente protegida, cresce uma hostilidade sutil, institucional e cultural contra expressões públicas da fé cristã. Especialmente no ambiente universitário e nas redes sociais.
Pesquisas recentes mostram que estudantes cristãos em campus relatam ambiente de silêncio, pressão para abandonar convicções religiosas e até remoção de símbolos ou atividades confessionais sob alegações de “ofensa cultural”.
Nas redes sociais, influenciadores ou páginas cristãs denunciam shadow bans, remoção de conteúdo ou “fact-checks” que questionam a doutrina cristã como discurso de ódio.
Esse ambiente cria uma nova forma de cristofobia: não necessariamente com agressões físicas, mas com marginalização, silenciamento e exclusão simbólica de quem professa a fé.
É preciso fortalecer a consciência de que a fé não pode estar à mercê de tendências culturais voláteis.
E que o ambiente digital, assim como os auditórios acadêmicos, também é espaço de missão e de dignidade para o cristão.
A voz do Osservatorio sulla Cristianofobia
Na Europa, o Osservatorio sulla Cristianofobia, dirigido por Federico Catani, tornou-se referência na defesa da liberdade religiosa dos cristãos.
Em seus relatórios recentes, Catani aponta dois movimentos paralelos: a repressão brutal no Oriente e a erosão cultural no Ocidente:
“Os cristãos são perseguidos no mundo islâmico e comunista, mas também humilhados e silenciados na Europa e na América. É a mesma ferida, com rostos diferentes.”
Em ambos os casos, a mensagem é a mesma: calar os cristãos.
Mapear e denunciar a cristofobia requer não apenas dados, mas coragem moral. E a liberdade interior de defender a fé sem medo de parecer “antiquado”.
Nomear a ferida, cuidar dos feridos
O panorama desta semana — China, Índia, Paquistão, Nigéria, Cuba, França, Itália e Estados Unidos — mostra diferentes rostos de uma mesma ferida.
Em alguns lugares, a bala; em outros, o tribunal.
Que esta leitura se transforme em convite: rezar pelos perseguidos, apoiar quem os defende e quebrar o silêncio cúmplice.
O primeiro passo para curar uma ferida é reconhecê-la. O segundo, não abandoná-la.
Se este artigo lhe foi útil, compartilhe e ofereça hoje uma oração pelas vítimas da cristofobia.
Pequenos gestos sustentam grandes resistências.
Com a sua ajuda, continuaremos a expor a perseguição, apoiar os fiéis e manter acesa a luz da fé. Doe e faça parte desta resistência cristã.





