A paixão de Cristo continua para os cristãos do Oriente

Estamos em plena Semana Santa, tempo sagrado, em que os olhos da fé se voltam para a agonia de Jesus no Horto, o escárnio no pretório, a dor da flagelação, a Via Crucis, a Cruz.
Mas, enquanto revivemos misticamente esses passos da Paixão de Cristo, uma realidade terrível nos desafia: milhares de cristãos, enquanto escrevo, estão vivendo, na carne, a mesma paixão.
Na Síria, por exemplo, onde o Evangelho já ecoava nos tempos dos apóstolos, o cristianismo está à beira da extinção.
Em 2011, havia ali 2,2 milhões de fiéis. Hoje, restam apenas 638 mil. E o número cai a cada mês, à medida que os jihadistas, o terror e a miséria forçam famílias inteiras a fugir. Ou a morrer.
Essa perseguição, silenciosa e ignorada pela grande mídia, estende-se por todo Oriente Médio.
O Líbano, a Turquia, o Iraque… regiões que, no passado, floresciam em santidade, em teologia, em martírio, agora se tornam desertos espirituais.
E o Ocidente, que se nutriu dessas raízes, se cala. Por quê?
A resposta, Nossa Senhora nos deu em Fátima.
Quando a Santíssima Virgem apareceu em 1917, não foi apenas para consolar. Veio advertir, com gravidade e amor de Mãe:
“Se não se converterem, Deus castigará o mundo pelos seus crimes, por meio da guerra, da fome e das perseguições à Igreja e ao Santo Padre.”
O que estamos vendo — em Damasco, em Alepo, em Mosul, no Cairo — não seriam já ecos dos castigos anunciados por Nossa Senhora em Fátima, que advertiu para guerras, fomes e perseguições como consequência da recusa à conversão?
Não sabemos. Mas os sinais são graves demais para serem ignorados!
E não pensemos que essas dores estão distantes. Elas são sinais. Elas nos interpelam.
A cada cristão assassinado, a cada igreja destruída, a cada criança que cresce em meio ao medo, renova-se a paixão de Nosso Senhor.
E diante disso… o mínimo que podemos fazer é rezar. Acender uma vela pode ser um começo.
Mas também se renova nossa responsabilidade.
Se a Paixão de Cristo continua em seus membros, então nossa Semana Santa não pode ser vivida apenas com cerimônias piedosas.
É preciso rezar. Reparar. Ajudar. Sacrificar-se.
E, sobretudo, escutar o apelo de Maria Santíssima em Fátima: conversão, penitência, oração do Rosário, consagração ao seu Imaculado Coração.
Porque não é apenas o Oriente que sofre. O Ocidente também apodrece — lentamente, mas de forma fatal.
Se os cristãos do Oriente são perseguidos pelas armas, nós somos seduzidos pela apostasia, pela tibieza, pelo silêncio diante do mal.
A cada Missa perdida, a cada blasfêmia tolerada, a cada pecado sem arrependimento, nós também ferimos o Corpo Místico de Cristo.
Esta Semana Santa, portanto, precisa ser um grito.
Um clamor do coração!
Um pedido de perdão!
Um ato de reparação!
Um compromisso com o triunfo do Imaculado Coração de Maria.
Que os sofrimentos dos cristãos perseguidos — que hoje vivem a Via Sacra nas ruas e nos campos de refugiados — nos despertem da nossa indiferença.
E que a nossa fidelidade, por menor que pareça, seja como o Cireneu que ajuda Jesus a carregar a Cruz.
Nossa Senhora prometeu: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará.”
Mas, para que esse triunfo venha, é preciso que sejamos fiéis na hora da dor.
E essa hora é agora.
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A perseguição religiosa não é um problema distante. Devemos nos inspirar no exemplo dos cristãos da Terra Santa para refletir sobre a liberdade de praticar nossa fé.





