Quando ser cristão custa a vida: crônica semanal da perseguição

De Praga ao interior da África, passando pelas igrejas da Europa: a perseguição cristã assume novos rostos, mas conserva a mesma lógica.

Este relato apresenta uma análise dos debates ocorridos em 13 de novembro de 2025, em Praga, durante a conferência da Alliance Article 18.

Trata-se de uma rede internacional que reúne 38 Estados-membros dedicada ao monitoramento da liberdade religiosa e da perseguição por motivos de fé, com foco especial nas violações contra cristãos.

O encontro buscou avaliar o avanço global da repressão religiosa e propor medidas diplomáticas de proteção.

A seguir, expõe a realidade vivida pelos cristãos na Nigéria, onde a fé frequentemente se converte em martírio.

E conclui com registros recentes de hostilidade crescente contra a religião cristã no Ocidente e em regimes que submetem a consciência à lógica ideológica.

Praga: quando a diplomacia ainda ousa tratar a fé como fato

A conferência da Alliance Article 18 destacou um retrocesso histórico no direito à liberdade religiosa, particularmente entre cristãos.

Participaram representantes diplomáticos e especialistas que analisaram relatórios de quatro entidades de referência:

Aid to the Church in Need (ACN) – fundação católica que atua em 149 países apoiando comunidades perseguidas;
OSCE-ODIHR – gabinete da Organização para Segurança e Cooperação na Europa responsável por direitos humanos;
OIDAC Europe – observatório dedicado ao monitoramento de casos de intolerância contra cristãos na Europa;
Hungary Helps – iniciativa do governo da Hungria que oferece auxílio direto a comunidades cristãs perseguidas em locais de risco.

O diagnóstico foi claro e direto: a perseguição anticristã intensifica-se nas zonas de conflito e começa a revestir-se de linguagem normativa em democracias ocidentais.

Segundo Marcela Szymanski, da ACN, o relatório Religious Freedom in the World 2025 indica que 5,4 bilhões de pessoas — 65% da população mundial — vivem hoje em países onde a liberdade religiosa enfrenta violações graves ou muito graves.

Ela observou: “Por detrás de muitas violações da liberdade religiosa estão autocratas sedentos de poder, que pressionam líderes religiosos a adotar suas próprias visões ou desaparecer.”

Nas conversas paralelas, diplomatas comentaram com discrição a progressiva tentativa de relegar a fé ao interior das residências. A liberdade seria permitida, desde que exercida em silêncio.

Para que reportagens e análises como esta continuem a ver a luz do dia, precisamos da sua ajuda. Clique aqui para apoiar este trabalho.

Europa: hostilidade discreta, punição indireta

Anja Tang, diretora do OIDAC Europe, descreveu que a perseguição atual raramente assume contornos explícitos.

Ela opera por exaustão moral, por litígios longos e silenciosos, onde o desgaste é frequentemente a pena.

Casos relatados incluíram o assassinato de um cristão assírio-caldeu na França, morto pouco depois de ter denunciado intimidações religiosas, e o ataque a um mosteiro que resultou na morte de um monge espanhol.

Houve também relatos de profanação crescente em igrejas e cemitérios, raramente acompanhados de atenção proporcional pela imprensa.

Tang advertiu: “Um número crescente de cristãos na Europa enfrenta processos legais por expressarem pacificamente suas convicções. A absolvição, quando ocorre, vem após longos e caros litígios, que já funcionam como punição.”

Não é uma perseguição ruidosa. É o constrangimento que busca convencer o fiel de que crer é tolerável apenas enquanto não interferir na lógica dominante.

Nigéria: quando a fé se assume martírio

A respeito da Nigéria, a mensagem recebida de organizações atuantes no terreno não permite qualquer romantização.

Um vídeo divulgado mostra uma mulher cristã presenciando o assassinato do marido e dos dois filhos por extremistas islâmicos. Ao recusar-se a negar Cristo, teve a mão amputada.

A nota enviada afirma: “Isso acontece todas as semanas. Aldeias são varridas. Igrejas queimadas. Cristãos caçados como animais.”

Parte da imprensa internacional restringe-se a chamar o fenômeno de “conflito étnico”. O relatório de campo é categórico: trata-se de uma campanha de eliminação religiosa.

Dom Matthew Hassan Kukah, bispo de Sokoto, observou: “Eles são mortos por causa da fé. Permanecemos firmes porque Cristo vale mais que a própria vida.”

Um dado impressionante: 94% dos católicos nigerianos participam semanalmente da Missa, sabendo que isso pode representar não regressar vivos.

O martírio, ali, não é conceito teológico. É risco cotidiano.

Se esta realidade te toca, ajuda-nos a impedir que fatos como estes sejam esquecidos. Doe aqui.

China: quando até peregrinar se torna infração

O portal China Aid denunciou neste mês a detenção da irmã Xiang Qiaoyun, 40 anos, encarcerada há mais de três meses por organizar uma peregrinação religiosa à Europa.

Cerca de vinte fiéis foram presos com ela; apenas parte foi posteriormente libertada.

A acusação formal: “liderar viagem religiosa ilegal”. Na prática: conduzir católicos a locais de culto na França e na Itália.

Um observador internacional comentou, sob reserva: “A ditadura tolera estruturas, mas não tolera almas. Quando rezam, tornam-se imprevisíveis.”

Na China comunista, a fé é permitida se estiver subordinada ao Estado. Quando transcende o controle, torna-se subversão.

A nova ortodoxia pós-cristã

Todd Huizinga, ex-diplomata dos Estados Unidos, informou que o governo norte-americano criou recentemente uma Comissão Oficial sobre Liberdade Religiosa e uma Força-Tarefa para Erradicar o Viés Anticristão, ambas com status governamental.

Segundo o primeiro relatório dessas instâncias, observa-se “a ascensão de uma ortodoxia moral pós-cristã, que marginaliza a expressão pública dos ensinamentos tradicionais da Igreja.”

Huizinga destacou que não se tenta somente proibir a fé, mas desautorizá-la no diálogo público, tratando convicções cristãs como ultrapassadas ou contrárias à ordem social.

A coerção vem por via cultural, universitária e administrativa. Não se força a renunciar, mas se alerta que professar tem custo.

Hungria: quando a diplomacia nomeia o inimigo

Márk Aurél Érszegi, assessor do Ministério das Relações Exteriores da Hungria, explicou a posição do país: “Em ambientes diplomáticos, poucos aceitam reconhecer a perseguição cristã. Chamá-la pelo nome é o primeiro passo para enfrentá-la.”

O programa Hungary Helps tem destinado recursos para reconstrução de vilarejos, formação de sobreviventes e estruturas básicas em comunidades dizimadas.

A Hungria, apesar de seu tamanho modesto, decidiu assumir publicamente o tema, enquanto outras potências mantêm cautela política.

Para que iniciativas corajosas como estas continuem sendo mostradas ao mundo, precisamos do seu apoio. Contribua para que este esforço permaneça vivo.

França: o Sagrado atingido

Em 6 de novembro último, na igreja de Notre-Dame de l’Assomption, em Montcenis, duas imagens — Santa Teresinha e Sagrado Coração de Jesus — foram deliberadamente quebradas. O templo estava vazio. Os autores foram filmados.

Segundo dados divulgados por Europe 1, houve na França 401 atos anticristãos entre janeiro e junho de 2025, aumento de 13% em relação ao ano anterior.

Um morador sintetizou: “Não atacaram a pedra, mas o que a pedra representa.”

Itália: a hostilidade que se mostra

Segundo página especializada em vigilância à violência anticristã (Europa Infernal, 2025), um imigrante muçulmano africano vandalizou uma igreja com inscrições em árabe.

Enquanto gritava “Allahu Akbar”, ameaçou famílias com uma faca e, em seguida, assaltou um supermercado.

Quando detido, afirmou “não suportar ver tantas igrejas.”

O caso reacendeu o debate sobre imigração, ordem pública e liberdade religiosa.

A discussão é muitas vezes desviada para temas secundários, evitando a pergunta central: até que ponto a Europa terá coragem de defender suas raízes?

Conclusão

A cristofobia não é uniforme. Na Nigéria, martyrium; na Europa, litígio; na China, controle; no Ocidente, reprovação social.

Mas o objetivo subjacente parece comum: expulsar a fé do espaço público, reduzir sua presença e, se possível, silenciar seu testemunho.

Já o Papa Bento XVI alertava: “Nas sociedades tecnicamente livres, a fé pode ser marginalizada por meio de uma perseguição que não faz barulho, mas fere profundamente.”

O encontro de Praga representou um raro instante de lucidez estratégica.

Reconhecer a perseguição cristã não como problema distante, mas como realidade crescente — inclusive em sociedades democráticas — é ato de justiça e de prevenção histórica.

Registrar com precisão, sem exagero e sem medo, é serviço à verdade.

Porque a verdade pede voz. A consciência exige firmeza. E a fé, quando provada, pede coragem.

Quando ser cristão custa a vida, calar-se custa a alma.

Para que a verdade não seja silenciada, precisamos da sua ajuda. Cada contribuição mantém vivo o trabalho de registrar e denunciar o que tantos querem esconder.
Clique aqui e apoie agora.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Inscreva-se grátis

para receber os melhores conteúdos e orações

Últimos Posts

Search

Para mais informações ligue:

Ligação gratuita


Atendimento: segunda a sexta, das 8:00 às 18:00.

A ligação é grátis para todo o Brasil.

INSCRIÇÃO REALIZADA

Se você gosta dos conteúdos da Regina Fidei e deseja manter esta obra na internet, por favor, faça uma doação simbólica.

Acesse esta página 100% segura 

Dependemos unicamente da generosidade de pessoas como você para continuar este trabalho de apostolado.

Sua pequena contribuição, aqui, será um combustível para estimular ainda mais os voluntários, religiosos e colaboradores que se dedicam fielmente a resgatar a Fé Católica.

Obrigado e conte com nossas orações.

Equipe de Conteúdo Apostólico
Associação Regina Fidei