Por que os católicos veneram as relíquias dos santos?

Entenda o que são as relíquias dos santos, sua origem bíblica e o sentido espiritual dessa prática na fé católica.

Foto de um relicário contendo relíquias de vários santos como S. Romualdo, S. Bento, S. Sebastião, S. Filipe Neri e fragmentos da Santa Cruz.

Uma das práticas mais fascinantes — e também uma das mais incompreendidas pelos protestantes — é a veneração das relíquias na Igreja Católica.

Algumas pessoas ficam assustadas ao saberem que, em pleno século XXI, a Igreja não só permite o culto às relíquias, ou seja, a veneração do corpo e dos objetos dos santos, mas também guarda com zelo partes desses mesmos corpos e objetos.

Para muitas delas, surge uma dúvida inevitável: não seria isso algo estranho, até macabro? Um costume pagão?

A resposta para essas perguntas começa com uma compreensão mais profunda do que são as relíquias e da base da sua veneração na tradição católica.

O que são as relíquias dos santos?

Se consultarmos o dicionário, veremos que a palavra “relíquia” significa “restos”, ou mais precisamente, o que nos resta de uma pessoa que deixou de existir e que nos foi cara.

No contexto da fé católica, essa definição ganha um sentido específico: trata-se dos restos mortais de santos ou de objetos que lhes pertenceram em vida e que, por isso, são dignos de veneração pelos fiéis.

Além desse sentido, relíquia tem também o significado de coisa preciosa e rara.

Essa valorização de objetos ligados a pessoas queridas, na verdade, é um gesto profundamente humano.

Toda família guarda com estima pertences de seus antepassados, como o terço da avó, o missal do avô, uma fotografia antiga. É um modo de expressar amor e lembrança por quem marcou nossa vida.

Essa mesma prática se encontra também entre os coptas, armênios, ortodoxos e até fora do cristianismo, entre os muçulmanos, embora, em nenhum desses contextos, ela possua a plenitude de significado que a Igreja Católica lhe confere.

Mas será que essa prática tem fundamento na Bíblia? A resposta é um claro “sim”.

As relíquias na Sagrada Escritura

No Antigo Testamento, há uma profunda reverência pelos restos mortais de figuras importantes, como Abraão (Gn 25,9-10) e Jacó (Gn 50,12-13).

Essa valorização dos objetos sagrados é evidente também na Arca da Aliança, que continha relíquias do Êxodo, ou seja, a saída do povo hebreu do Egito para a Terra Prometida: um jarro com maná (Ex 16,33); as Pedras onde estavam escritos os Dez Mandamentos (cf. Ex 25,16) e a vara de Aarão (Nm 17,10).

O Segundo Livro dos Reis relata dois milagres que ocorreram por meio de relíquias. O primeiro, quando o profeta Santo Eliseu usou o manto do profeta Santo Elias para separar as águas do rio Jordão (2Rs 2,14).

Já o segundo, aconteceu quando os ossos de Santo Eliseu, ao entrarem em contato com um cadáver, ressuscitaram o morto:

“Eliseu morreu e foi sepultado. Guerrilheiros moabitas faziam cada ano incursões na terra. Ora, aconteceu que um grupo de pessoas, estando a enterrar um homem, viu uma turma desses guerrilheiros e jogou o cadáver no túmulo de Eliseu. O morto, ao tocar os ossos de Eliseu, voltou à vida e pôs-se de pé” (2Rs 13, 20-21).

Esta tradição de veneração não se encerrou no Antigo Testamento, mas encontrou sua plenitude no Novo.

Nos Atos dos Apóstolos, são relatados outros milagres realizados com panos que tocaram o corpo do Apóstolo São Paulo:

“Deus realizava milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que haviam tocado o seu corpo, eram aplicados aos doentes; então afastavam-se destes as moléstias e eram expulsos os espíritos malignos” (At 19,11-12).

Dessa forma, esse respeito pelos corpos e objetos dos santos não é uma invenção posterior, mas a continuidade de uma tradição já presente nas Sagradas Escrituras.

Mas o que leva a Igreja a conservar com tanto zelo as relíquias?

A veneração das relíquias na História da Igreja

Desde os primórdios do cristianismo, os fiéis sepultavam com devoção os corpos ou partes dos corpos dos mártires e daqueles que pelas suas virtudes tornaram-se santos, e também guardavam objetos que pertenciam a eles.

Essa prática de devoção surgiu como uma forma de honrar aqueles que deram testemunho do Evangelho com suas vidas.

Um dos primeiros relatos dessa prática é a veneração de relíquias do mártir e bispo São Policarpo de Esmirna, registrada no Martírio de Policarpo, escrito em algum momento entre 150 e 160 d.C.

Além disso, relíquias relacionadas a Nosso Senhor eram veneradas já no século IV d.C.

São Cirilo de Jerusalém, por exemplo, menciona um grande fragmento da Santa Cruz em suas Catequeses Batismais, afirmando que tal relíquia “até a presente data pode ser vista entre nós… foi distribuída em pequenos fragmentos por toda a terra”.

Longe de arrefecer com o passar do tempo, o culto às relíquias foi se tornando ainda mais profundo. No século VII, São Teodoro de Tarso, arcebispo da Cantuária, declarou que as relíquias deviam ser veneradas e iluminadas por uma vela.

E o Concílio de Constança (1414-1418) reafirmou a dignidade desta piedosa veneração:

“Igualmente, se crê e afirma que é lícito venerar por parte dos fiéis cristãos as relíquias e as imagens dos Santos” (Bula “Inter cunctas”).

Para dar ordem a essa prática milenar — que permanece viva entre os católicos até hoje —, a Igreja estabeleceu um sistema claro, classificando as relíquias em três categorias distintas, que serão detalhadas mais adiante neste artigo.

Quais são as classes das relíquias?

As relíquias de santos podem se apresentar de diversos tipos, desde ossos até objetos de devoção do santo. Para categorizá-las, a Igreja as divide em 3 graus ou classes:

a) Relíquias de primeiro grau são os restos mortais dos santos. Esses restos mortais podem ser de qualquer parte do corpo, incluindo ossos, carne (pele ou órgãos) e até mesmo cabelo, unhas e o sangue.

Objetos diretamente associados a eventos da vida de Jesus Cristo (presépio, cruz, etc.) também são consideradas relíquias de primeiro grau.

b) Relíquias de segundo grau são os objetos que pertenceram ou foram usados por um santo durante sua vida.

Itens como roupas, joias, sacramentais (terços, medalhas), bíblias e ferramentas manuais podem ser considerados relíquias desta categoria, desde que tenham sido usados ​​por um santo.

c) Relíquias de terceiro grau são qualquer objeto, novo ou antigo, que tenha estado em contato com os restos mortais de um santo, que tenha tido contato com seu túmulo ou relicário, ou com os objetos que ele usou.

Estes podem incluir os lençóis usados ​​em seus funerais, a terra em que foram enterrados, os restos de seu caixão ou objetos mais recentes, como lenços, medalhas ou mantilhas, que foram colocados ou tocados sobre a relíquia de primeiro ou segundo grau.

Voltando aos exemplos bíblicos, os lenços com que os primeiros cristãos tocaram o Apóstolo São Paulo são exemplos de relíquias de 3º grau, já os ossos do profeta Santo Eliseu que operaram a ressurreição do morto no Antigo Testamento são relíquias de 1º grau.

Após conhecer sua origem e variedade, é natural perguntar: o que faz dessas relíquias algo tão sagrado para os fiéis? Qual o sentido de venerá-las?

Antes de compreender plenamente o sentido espiritual das relíquias, vale responder a uma pergunta que muitos devotos se fazem:

Como ter uma relíquia do Padre Pio?

A devoção ao Padre Pio é uma das mais difundidas no mundo católico, e muitos fiéis desejam possuir uma relíquia deste grande santo dos estigmas.

Mas é importante compreender que uma relíquia não é um “objeto mágico” nem um simples souvenir. Ela é um sinal de fé, que deve nos levar a buscar concretamente a intercessão do Padre Pio.

Ter uma relíquia do Padre Pio é, acima de tudo, um convite à conversão e à oração constante. Ela recorda o convite que São Pio de Pietrelcina dirigia a todos os fiéis: “Reza, espera e não te preocupes.”

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Deus age por meio de sinais materiais

Para muitas pessoas, pode parecer estranho venerar partes do corpo de santos ou objetos que lhes pertenceram.

No entanto, essa prática está profundamente enraizada em dois pilares da fé católica: a dignidade do corpo humano e a comunhão dos santos.

A Igreja professa a ressurreição da carne. Isso significa que o corpo não é uma simples “casca” descartável, mas parte integrante da pessoa.

Os santos, que viveram plenamente unidos a Deus, são seres humanos completos (corpo e alma) e aguardam a ressurreição final.

Venerar seus restos mortais é, portanto, uma forma de honrar a pessoa inteira do santo e afirmar publicamente nossa fé na vida eterna.

Assim também é quando você conserva com devoção uma relíquia do Padre Pio: ela se torna um testemunho de adesão a essa verdade da fé e um convite à oração constante.

Se desejar receber uma relíquia deste santo, clique aqui e veja como pedir a sua.

Além disso, Deus age frequentemente por meio de sinais materiais. A relíquia em si não possui poder algum; ela funciona como um canal pelo qual Deus, atendendo à prece do santo que está na Sua presença, concede graças.

Como ensina Santo Tomás de Aquino, o doutor angélico:

“O próprio Deus honra como convém as suas [dos santos] relíquias, pelos milagres que faz na presença delas” (Suma Teológica, III, 25, 5).

Assim, os milagres são a assinatura de Deus, confirmando que Ele aprova o uso das relíquias para nos conceder suas graças.

Por que, afinal, venerar as relíquias dos santos?

Resumidamente, a Igreja autoriza e incentiva a veneração de relíquias por quatro motivos principais:

Primeiro, porque acreditamos que o corpo humano, mesmo após a morte, continua sendo templo do Espírito Santo e deve ser tratado com dignidade.

Segundo, porque a veneração das relíquias de um santo afirma a realidade concreta de sua existência histórica. Elas nos recordam que a santidade não é uma ideia abstrata, mas foi vivida por homens e mulheres de carne e osso como cada um de nós.

Terceiro, porque essa prática testemunha de forma tangível a Comunhão dos Santos: a verdade de que todos os cristãos, inclusive os que já partiram desta vida, permanecem unidos em Cristo, formando um único corpo e podem rezar uns pelos outros.

Por fim, porque as relíquias nos recordam que esses santos foram exemplos vivos de como devemos viver para agradar a Deus, servindo-nos de inspiração na busca pela santidade em nossa própria vida.

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Assim, venerar as relíquias dos santos é contemplar, em silêncio, o mistério da santidade. Diante delas, o coração se inclina — não ao pó, mas Àquele que faz dos seus santos reflexos da Sua própria glória.

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