Por que a Semana Santa e a Páscoa mudam de data todos os anos?

A resposta está escrita nas estrelas… e nas tradições mais antigas da Igreja

Poucos se dão conta, mas a data da Páscoa muda a cada ano porque, desde os tempos apostólicos, o calendário litúrgico católico segue o ritmo do céu. Literalmente.

O Tríduo Pascal — que abrange a paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo — é marcado não apenas pela história, mas também pelos movimentos da Lua.

A celebração mais sagrada do ano cristão

Nos primeiros séculos da Igreja, a Páscoa e o Natal eram as únicas festas celebradas pelos cristãos. Nenhuma outra solenidade as acompanhava.

Não havia Quaresma, Pentecostes, nem Advento. Tudo girava em torno da Páscoa. E por uma razão simples: a Ressurreição de Cristo é o ápice da história da salvação — e o fundamento da nossa fé.

Foi nesse mistério que os mártires beberam coragem, que os apóstolos encontraram esperança, e que a Igreja edificou a celebração da Santa Missa.

Por isso, com toda a lucidez de um santo, Padre Pio afirmava: “É mais fácil o mundo sobreviver sem o sol do que sem a Santa Missa”.

A raiz judaica e a Última Ceia

Para entender a flutuação da data, é preciso olhar para o povo de Israel. A morte de Cristo aconteceu durante o pesach, a Páscoa judaica.

Nos evangelhos, Jesus aparece reunido com os apóstolos para celebrar essa solenidade durante a Última Ceia. A ocasião recordava a libertação dos hebreus do cativeiro do Egito.

O detalhe essencial é que o Pesach acontecia no dia 15 do mês de Nisan, mês que começa com a primeira lua nova da primavera.

A partir daí, o cálculo da data da Páscoa cristã foi definido no Concílio de Niceia, no ano 325: o Domingo de Páscoa deve ocorrer sempre no primeiro domingo após a primeira lua cheia que segue o equinócio da primavera no hemisfério norte (e o de outono, no hemisfério sul).

Por isso muda todo ano… mas não tanto assim

O resultado é que a Páscoa pode cair entre os dias 22 de março e 25 de abril. Ainda assim, há uma certa constância.

A data mais frequente, ao longo de um ciclo astronômico de 5,7 milhões de anos, é o dia 19 de abril. Na maioria dos anos, a Semana Santa costuma ocorrer na primeira ou na segunda semana de abril.

Curiosamente, algumas igrejas orientais não seguem essa mesma determinação, o que leva à celebração da Páscoa em datas distintas. Mas na essência, todas apontam para o mesmo evento: a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.

Uma preparação celestial e espiritual

Mais do que uma curiosidade litúrgica, entender essa lógica revela a sabedoria da Igreja ao unir tempo e eternidade.

A preparação para a Páscoa, com a Quaresma e a Semana Santa, não é uma simples tradição — é uma convocação espiritual para morrer com Cristo e ressuscitar com Ele.

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O Céu é quem guia nossos passos

A cada ano, enquanto a Lua marca a data, o coração da Igreja se volta ao mistério do Calvário. A Páscoa muda no calendário, mas permanece eternamente inscrita no centro da nossa fé.

É o tempo sagrado em que o Cordeiro imolado atravessa a morte e nos abre as portas da Vida.

Unidos ao exemplo do Padre Pio, que celebrava com temor e tremor esses Mistérios, somos também chamados a viver estes Dias Santos com espírito de adoração, penitência e gratidão.

Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. E agora vive, glorioso, à espera de cada alma que deseja ressurgir com Ele.

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