Enquanto o sangue de sacerdotes católicos é derramado em terra africana, a humanidade assiste calada — e o céu chora por aqueles que já foram entregues como cordeiros em holocausto.
Sangue sacerdotal em solo nigeriano
Dois novos sacerdotes foram sequestrados na Nigéria neste último fim de semana. O nome dos dois, embora ecoe agora apenas nos bastidores da dor, são os do Pe. Stephen Echezona e do Pe. John Ubaechu.
O primeiro foi levado em pleno sábado, na diocese de Akwa, no estado de Anambra. O segundo, no domingo, enquanto guiava seu carro por uma estrada do estado de Imo. São 12 padres já sequestrados só em 2025 — dois deles, assassinados.
E assim se escreve, em páginas de sangue, o capítulo mais sombrio da história recente da Igreja na Nigéria. O país mais perigoso do mundo para um sacerdote católico.
Mas a pergunta que brada no íntimo das almas atentas é: por que tanto silêncio?
Um martírio sem manchete
Em outras eras, a prisão de um sacerdote despertava indignação pública, protestos, marchas, solidariedade em uníssono. Hoje, o martírio voltou — mas por outra porta. Ele se dá sem holofotes. Um martírio sorrateiro, que entra pela janela da indiferença e finca raízes nos corações adormecidos.
Padre Pio, o grande estigmatizado de San Giovanni Rotondo, sofria dores invisíveis e oferecia sua carne pelas almas. Esses sacerdotes nigerianos, ao que parece, são chamados ao mesmo holocausto, com a diferença de que suas feridas são abertas por mãos humanas, armadas e impiedosas.
Quando o mundo finge não ver
O caso nigeriano escancara uma verdade dura: a vida de um sacerdote católico, em muitos lugares do mundo, vale menos que uma manchete de futebol.
Não há como negar. Em tempos onde a velocidade das redes sociais forma e destrói reputações, como explicar que o sangue de servos de Deus não cause comoção?
Os dados são assustadores. Em 2022, sete sequestros. Em 2023, dois. Em 2024, três. E agora, apenas no primeiro trimestre de 2025, doze. E dois mortos. A tendência é clara. O problema não é mais pontual: é sistemático.
Perseguição ou negócio?
Alguns dos sequestros são motivados por ódio à fé. Outros, por interesse financeiro. Bandidos veem no sacerdote uma presa fácil: sozinho, sem proteção, amado por uma comunidade que fará o impossível para pagar resgates.
O sacerdote, então, torna-se moeda. Uma triste inversão: o que foi consagrado no altar passa a ser vendido por cifras.
Na região sul, majoritariamente cristã, aconteceram sete dos doze sequestros. Os outros cinco ocorreram no Cinturão Médio, onde a tensão é permanente. E até mesmo membros das próprias comunidades cristãs têm sido cúmplices. A traição de um irmão dói mais que o golpe do inimigo.
A fortaleza espiritual da Igreja perseguida
Mesmo diante da barbárie, a resposta da Igreja nigeriana não tem sido o ódio. Os bispos continuam clamando às autoridades por segurança, e aos fiéis: “Não façam justiça com as próprias mãos.” Eis aí uma lição que poucos compreenderão neste mundo marcado por vingança e ressentimento.
É a mesma atitude que teria Padre Pio: suportar, rezar, sofrer e perdoar. O verdadeiro cristão carrega o peso da cruz sem buscar vingança. E por isso, a Igreja perseguida é a Igreja mais fiel.
Uma aplicação real, concreta
Você que lê estas linhas em segurança, no Brasil ou em Portugal, talvez se pergunte: o que fazer diante disso?
A resposta é simples, embora profunda:
- Reze. Ofereça sacrifícios. Informe-se. Compartilhe.
Mas, sobretudo, aprenda com eles: ame sua fé como quem daria a vida por ela. Porque há lugares em que viver a fé já é estar com um pé no martírio.
***