Um mês dedicado ao Amor ferido
Iniciamos o mês consagrado ao Sagrado Coração de Jesus, uma devoção profundamente enraizada na tradição católica e que se mostra cada vez mais atual.
Trata-se de um mês inteiro voltado ao Coração divino que arde de amor pelos homens — mas que é, ao mesmo tempo, profundamente ofendido pela indiferença e pela ingratidão humanas.
As revelações feitas por Nosso Senhor a Santa Margarida Maria Alacoque, no século XVII, não foram apenas expressões do amor divino.
Foram também advertências graves, clamores de um Deus ferido, e um apelo à humanidade para que corresponda ao Seu amor.
Esse apelo, séculos mais tarde, encontra ressonância nas palavras da Virgem Santíssima em Fátima, dirigidas a um mundo ainda mais endurecido pelo pecado e pela rebelião contra Deus.
O Coração que ama e é rejeitado
Foi diante do Santíssimo Sacramento que Santa Margarida recebeu uma das visões mais comovedoras da história da mística cristã. Nosso Senhor mostrou-lhe Seu Coração e disse:
“Eis o Coração que tanto amou os homens e que nada poupou para se esgotar e consumar para lhes manifestar os seus testemunhos de amor.”
Contudo, em troca desse amor infinito, recebe friezas, irreverências, sacrilégios e ingratidão, especialmente — e mais dolorosamente — daqueles que Lhe são consagrados.
Essa queixa de Jesus Cristo é profundamente semelhante àquela que Nossa Senhora dirige à humanidade em Fátima: um chamado à reparação, à penitência, à conversão dos corações.
Reparação: o elo entre Paray-le-Monial e Fátima
A devoção reparadora ao Sagrado Coração é o elo que une Paray-le-Monial, no século XVII, a Fátima, no século XX.
Ambas as mensagens são um chamado à humanidade para amar e reparar os ultrajes contra o Coração divino. Ambas colocam a Eucaristia — presença real de Jesus Cristo — no centro das ofensas e, portanto, no centro da reparação.
Em ambas, é por meio do Imaculado Coração de Maria que se realiza a verdadeira reparação. É Ela quem purifica nossos atos e os apresenta a Deus com perfeição.
Por isso, diante do pedido do Sagrado Coração, é natural que o fiel se sinta indigno. Mas é por meio de Maria que mesmo o menor gesto pode tornar-se digno e eficaz.
E é justamente Ela quem nos estende a mão, convidando-nos a participar da reparação com pequenos atos de fé.
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Deixe que, no silêncio do seu lar, essa imagem seja um lembrete constante do chamado de Maria à oração, à conversão e à entrega.
Em Fátima, a Virgem convida os pastorinhos — e, por meio deles, todos nós — a oferecer sacrifícios pela conversão dos pecadores, e a dizer “sim” ao sofrimento redentor:
“Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido?”
Esse oferecimento dos pastorinhos ecoa a generosidade de Santa Margarida, que disse:
“Eu me senti tocada do desejo de restituir amor com amor.”
Um chamado urgente para os nossos dias
As mensagens de Paray-le-Monial e Fátima falam diretamente ao nosso tempo. Vivemos numa época em que os sacramentos são tratados com indiferença, a Eucaristia é frequentemente profanada e o pecado é celebrado publicamente. O Coração de Jesus continua a ser ofendido, até mesmo por aqueles que Lhe são consagrados.
É por isso que, ao revelar Seu Coração a Santa Margarida, Jesus pede a instituição de uma festa em Sua honra, na primeira sexta-feira após a oitava de Corpus Christi. E promete:
“Meu Coração se dilatará para difundir com abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que lhe prestarem essa honra.”
Fátima também pede comunhão reparadora — nos primeiros sábados do mês — e oferece promessas semelhantes àqueles que se consagram com fé.
As promessas do Sagrado Coração
As promessas feitas por Nosso Senhor a Santa Margarida são verdadeiras fontes de esperança para quem deseja crescer na vida espiritual. Eis algumas delas:
- “As almas tíbias se tornarão fervorosas”
A tibieza é uma praga silenciosa da alma. Cristo promete reacender o fervor nos corações apagados. - “Os apóstolos do Sagrado Coração terão a arte de tocar as almas mais endurecidas”
Uma promessa especialmente valiosa para os que evangelizam e sentem a dificuldade de alcançar os corações modernos. - “Difundirá com abundância suas bênçãos onde for colocada e honrada sua imagem”
A simples presença da imagem do Sagrado Coração em um lar já atrai bênçãos incontáveis. - “Reunirá famílias divididas”
Um consolo para famílias dilaceradas, que podem reencontrar a paz pela devoção ao Coração de Jesus. - “Promete a graça da penitência final aos que comungarem nas nove primeiras sextas-feiras”
Trata-se da promessa de uma boa morte, com os sacramentos e a graça santificante — o maior dom para qualquer alma cristã.
O que ainda falta?
Diante de tantas promessas, é inevitável a pergunta: por que o mundo ainda permanece tão afastado de Deus?
Porque falta correspondência.
Falta que levemos essas promessas a sério.
Falta que mais almas se consagrem e vivam de modo reparador.
Hoje, a indiferença e o sacrilégio tornaram-se quase normas sociais. Mas, quanto maior o pecado, maior deve ser o amor reparador.
Essa é a resposta esperada de cada fiel: como Santa Margarida e os pastorinhos, dizer de coração: “Eu quero oferecer-me. Eu quero consagrar-me.”
É esse amor que precisa se espalhar. E para isso, não basta apenas a devoção individual: o mundo precisa de mais almas dispostas a consagrar tempo, orações e sacrifícios por amor ao Imaculado Coração.
Se deseja viver esse chamado de forma concreta, torne-se membro do grupo Missionários de Fátima e una-se a milhares de católicos que já assumiram essa missão reparadora.
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A urgência da reparação
A reparação não é apenas uma devoção entre outras. É uma exigência da hora presente.
É o que pede o Sagrado Coração.
É o que pede o Imaculado Coração de Maria.
E é a resposta que o Céu espera de cada um de nós.
Que este mês do Sagrado Coração seja para todos um tempo de conversão, fervor e entrega total.
Se estamos mornos, peçamos o fogo. Se estamos cansados, peçamos força. Se estamos pecadores, peçamos perdão.
E abramos espaço em nossa alma para Maria, a reparadora por excelência, para que, por meio dEla, nossa comunhão se torne mais pura, nossa oração mais ardente e nossa reparação mais eficaz.
A verdadeira liberdade está na entrega
Como disse Nosso Senhor à Serva de Deus Josefa Menéndez:
“Se as almas compreendessem que nunca são tão verdadeiramente livres quanto quando se entregam completamente a Mim!”
Entreguemo-nos, pois, ao Sagrado Coração de Jesus, por Maria.
