Conheça a história real de Bartolo Longo, que prometeu sua alma a um demônio antes de se tornar um dos maiores santos marianos.

Na manhã do último dia 19 de outubro no Vaticano, o Papa Leão XIV elevou à glória dos altares um homem cuja vida parece uma narrativa impossível: Bartolo Longo, um ex-satanista que se tornou o grande apóstolo da Virgem Maria e fundador do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia.
Sua canonização não é apenas a confirmação de uma vida de santidade, mas um testemunho poderoso de que a misericórdia de Deus não conhece limites.
Infância Abençoada e Juventude Perdida
Bartolo Longo nasceu em 10 de fevereiro de 1841, em Latiano, Itália, em uma família abastada e profundamente católica.
Seus pais lhe proporcionaram uma sólida educação secular e religiosa, e as noites da família eram marcadas pela recitação do terço. Estudante excelente e talentoso, o jovem Bartolo era habilidoso em literatura, oratória, música e outras artes.
No entanto, uma tragédia pessoal marcou o início de seu afastamento espiritual. Aos dez anos, Bartolo Longo perdeu a mãe, um golpe que abalou os fundamentos da sua fé.
Quando se mudou para Nápoles para estudar Direito na universidade, ele encontrou um ambiente academicamente fértil, mas espiritualmente intoxicado por ideias anticlericais e ocultistas muito em voga durante o movimento de unificação italiana.
Bartolo, um jovem em busca de significado, foi seduzido por essas correntes. Ele mesmo recordaria mais tarde:
“Eu também passei a odiar monges, padres e o papa, em particular os dominicanos, os mais formidáveis e furiosos oponentes daqueles grandes professores modernos, proclamados pela universidade como filhos do progresso”.
Sua busca pelo sobrenatural o levou do espiritismo a um compromisso cada vez mais profundo com o satanismo, culminando em uma “ordenação” como sacerdote satânico, durante a qual, relatou, prometeu sua alma a um demônio.
O Abismo do Desespero e a Voz da Graça
A vida nas trevas cobrou seu preço. Bartolo mergulhou em uma depressão profunda, afligido por ansiedade, paranoia e confusão. Sua saúde física definhou, e ele foi atormentado por visões diabólicas e um temor constante.
Em seu desespero, ele ouviu o que acreditou ser a voz de seu falecido pai, suplicando: “Volte para Deus! Volte para Deus!”.
A graça divina agiu através de um amigo, o professor Vincenzo Pepe, que notou seu declínio e o confrontou com amor e firmeza. Pepe o apresentou a um sacerdote dominicano, Frei Alberto Radente, que pacientemente o guiou de volta à fé.
Em 1865, na Festa do Sagrado Coração de Jesus, Bartolo fez uma confissão completa, abjurou seus erros e foi reconciliado com a Igreja.
Mesmo após sua conversão, Bartolo lutava contra os fantasmas de seu passado. Atormentado pela dúvida de que Deus pudesse perdoar tantos pecados, ele quase caiu no desespero mais uma vez.
Num momento de profunda agonia espiritual, Frei Radente lembrou-lhe de uma promessa que Nossa Senhora fizera a São Domingos de Gusmão: “Quem propagar o meu Rosário será salvo”.
Caído de joelhos em um campo perto de Pompeia, Bartolo fez um voto à Nossa Senhora:
“Se as suas palavras são verdadeiras, de que quem propagar o seu Rosário será salvo, alcançarei a salvação, porque não deixarei esta terra sem propagar o seu Rosário”.
Esta foi a centelha que acendeu uma missão que transformaria não apenas sua vida, mas toda a periferia da cidade de Pompeia.
Assim como Bartolo encontrou o caminho de volta pela intercessão de Nossa Senhora, você também pode ajudar outras almas a reencontrar a fé.
Junte-se aos Missionários de Fátima e leve a Mensagem de Nossa Senhora a quem mais precisa.
Uma Cidade do Rosário e da Caridade Surgida das Cinzas
Movido por essa nova missão, Bartolo Longo tornou-se terciário dominicano em 7 de outubro de 1871, adotando o nome Irmão Rosário.
Ele então se dedicou a um trabalho monumental na região de Pompeia, que se encontrava em estado de abandono espiritual e material.
Com a ajuda da Condessa Mariana di Fusco — uma viúva com quem, a pedido do Papa Leão XIII, ele se casou em 1885, vivendo um casamento celibatário — Bartolo iniciou sua obra de evangelização e caridade.
Juntos, eles construíram o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, inicialmente uma igreja simples que abrigava uma pintura deteriorada da Virgem do Rosário, e que se tornou um local de peregrinação mundial após inúmeros milagres.
Além disso, Bartolo e a condessa Mariana fundaram orfanatos, escolas e instituições para filhos de encarcerados, acreditando que nenhuma criança deveria ser definida pelos erros de seus pais.
Bartolo Longo não construiu apenas um santuário; ele fundou o que o Arcebispo de Pompeia, Monsenhor Tommaso Caputo, chamou de “uma nova cidade, uma cidade nascida da fé”.
O local se transformou em um verdadeiro “campo hospitalar” para os pobres, uma oficina de trabalho para quem gostaria de aprender uma nova profissão, um lar para as crianças que não tinham família.
Um Santo para os Nossos Tempos
A história de Bartolo Longo ressoa profundamente em nosso tempo. Em uma era onde o interesse pelo ocultismo e pelas espiritualidades alternativas cresce rapidamente, sua vida serve como um alerta solene e um farol de esperança.
Ele demonstra que é possível encontrar o caminho de volta, não importa o quão longe se tenha ido.
Sua canonização pelo Papa Leão XIV carrega um simbolismo especial, pois este Pontífice escolheu seu nome em homenagem justamente a Leão XIII, o grande apoiador de Longo.
Além disso, a eleição ocorreu no dia 8 de maio, festa da Súplica à Nossa Senhora de Pompeia, data profundamente significativa para esta devoção.
Bartolo Longo faleceu em 5 de outubro de 1926, cercado pelos órfãos que amava e servia.
Suas últimas palavras ecoam o tema central de sua vida transformada: “Meu único desejo é ver Maria, que me salvou e me salvará das garras de Satanás”
Quer seguir os passos de São Bartolo Longo? Participe do grupo Missionários de Fátima e leve a devoção do Rosário ao mundo. Clique para saber mais.





