Duas aparições separadas no tempo e no espaço, mas unidas pelo mesmo apelo da Virgem Maria: oração, penitência e conversão.

Um sábado de lágrimas nos Alpes franceses
No sábado, 19 de setembro de 1846, ao final do verão europeu, algo extraordinário aconteceu.
Na pequena La Salette, aos pés dos Alpes franceses, a vida corria simples, entre pastos e flores campestres.
Nada parecia anunciar que, naquele dia, o céu se abriria para uma visita inesquecível.
Dois jovens pastores — Maximino, de 11 anos, e Melânia, de 15 — guardavam o rebanho quando viram, sobre uma pedra, uma Senhora em prantos.
Vestida como as mulheres da região, com avental, lenço cruzado, touca e coroa de rosas, trazia no peito um crucifixo resplandecente, ladeado por um martelo e um alicate. Eles a chamaram de “a Bela Senhora”.
A Virgem chorava e suas palavras eram um chamado grave: se a humanidade não se convertesse, viriam guerras, desastres e perseguições contra a Igreja.
O braço de Seu Filho prestes a cair
Nossa Senhora revelou que não podia mais sustentar o braço de Seu Filho, pronto para castigar a humanidade.
“Vinde, meus filhos, não temais, aqui estou para vos comunicar uma grande notícia. Se meu povo não quiser aceitar, vejo-me forçada a deixar cair o braço de meu Filho.
É tão forte e tão pesado que não posso mais segurar. Há tanto tempo que sofro por vós…”.
Ela anunciou divisões profundas, desde governos até famílias, perseguições à Igreja, guerras sangrentas e catástrofes naturais.
O mundo se encontrava prestes a ser atingido por flagelos sem precedentes. Houve uma escassez de batatas, trigo e milho tão severa, que mais de um milhão de pessoas na Europa morreram de fome.
“Deus vai golpear [o mundo] de modo inaudito. Ai dos habitantes da Terra! Ele vai esgotar sua cólera, e ninguém poderá fugir a tantos males acumulados.”
A advertência não deixava dúvidas: afastando-se de Deus, a humanidade colheria divisões, traições e castigos.
Era uma profecia de destruição, um aviso dramático de que a cólera divina seria derramada caso não houvesse conversão.
O Convite à Oração, único refúgio
Mas a Virgem não deixou apenas advertências. Como toda mãe, também ofereceu o remédio.
– “E vocês, meus filhos, fazem bem suas orações?”
– “Não muito bem” — responderam Maximino e Melânia envergonhados!
– “Ah! Meus filhos — insistiu a Bela Senhora — é preciso fazê-la bem, à noite e de manhã. Quando não puderdes rezar mais, recitai ao menos o Pai-Nosso e uma Ave-Maria, devotamente. Quando tiverdes tempo, é preciso rezar mais”.
Esse pedido simples revelava uma verdade profunda: diante da crise espiritual, apenas a oração sustentará o homem. Ela é a última trincheira contra a ruína.
Se a oração é a última trincheira, o Rosário é a espada dos fiéis. Torne-se um Missionário de Fátima e ajude Nossa Senhora a reacender a fé num mundo que insiste em esquecê-la.
Não é à toa que santos como Padre Pio insistiam tanto no Rosário, apresentando-o como uma arma poderosa contra o mal.
La Salette e Fátima: A mesma Mãe, o mesmo apelo
Esse clamor não parou nos Alpes franceses. Meio século depois, ele ecoaria em Portugal.
Em 1917, em Fátima, Portugal, três crianças ouviriam quase o mesmo apelo: oração, penitência, conversão.
Em ambas, Nossa Senhora apareceu envolta numa luz mais brilhante que o sol e retomou o apelo à conversão proclamado por Jesus Cristo: “Completou-se o tempo, fazei penitência” (Mc 1,15).
Ambas sublinham a necessidade da oração para o verdadeiro processo de conversão. Em La Salette, recomendou ao menos o Pai-Nosso e a Ave-Maria diários; em Fátima, insistiu no Terço.
Tanto em Salette quanto em Fátima o apelo à conversão é premente, mas, impregnado de terna mansidão e de firme esperança pelo retorno do povo pródigo à Casa do Pai.
Um aviso que não pode ser ignorado
Como em Fátima, a Virgem de La Salette também confiou segredos aos videntes. Segredos que prenunciavam flagelos terríveis, caso a humanidade persistisse na sua rebeldia contra Deus.
Não dar crédito a essas mensagens é, por si só, prova de que a humanidade permanece surda à voz do Céu.
E, como advertiu Nossa Senhora, a consequência dessa surdez será inevitável: os castigos virão.
Apesar do tom grave, a mensagem de La Salette, assim como a de Fátima, não é de desespero, mas de esperança.
Nossa Senhora acreditava — e continua acreditando — que ainda há tempo de conversão.… e de ação.





