Ela tinha apenas oito anos, mas enfrentou a cruz com coragem que falta aos adultos de hoje
O adeus de Jacinta a este mundo revela não apenas sua santidade, mas também o triste retrato de um mundo que desprezou os apelos de Nossa Senhora em Fátima.
A doença como instrumento da graça
Em outubro de 1918, enquanto a Primeira Guerra Mundial ainda derramava sangue inocente pela Europa, dois dos pequenos videntes de Fátima adoeceram gravemente, Jacinta e Francisco.
A gripe espanhola, que dizimava milhões de vidas, atingiu também os escolhidos de Nossa Senhora.
Para os olhos do mundo, parecia uma tragédia. Para a lógica divina, tratava-se do cumprimento de uma missão sobrenatural.
Lúcia, a terceira vidente, foi visitar Jacinta no auge da enfermidade. Ao chegar, encontrou a menina… radiante.
— “Nossa Senhora veio nos visitar. E disse que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim perguntou-me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim!”
Que contraste com o espírito de hoje, que foge do sofrimento como de um mal a ser evitado a todo custo
Jacinta, com apenas oito anos, aceitou a dor como um ato de amor: amor a Jesus, amor ao Imaculado Coração de Maria, amor pelas almas mergulhadas no pecado.
Sozinha, mas amparada pela Mãe de Deus
— “Nossa Senhora disse-me que ia para um hospital, que lá sofreria muito. Que sofresse pela conversão dos pecadores, em reparação dos pecados contra o Imaculado Coração de Maria, e por amor de Jesus.”
Essa aceitação quase sobre-humana revela a grandeza de uma alma profundamente tocada pela graça.
Vivemos em um tempo dominado pelo prazer e pela recusa da Cruz. E muitos chegam a ridicularizar esse tipo de heroísmo silencioso
Mas é justamente essa disposição que a mensagem de Fátima exige de nós: reparação, penitência, sacrifício voluntário.
— “Disse que minha mãe iria acompanhar-me. E, depois, fico lá sozinha!”
Sim, Jacinta morreria longe da família, sozinha num hospital em Lisboa.
O mundo, que costuma se comover com histórias sentimentais, ignora essa história real e profundamente emocionante: a de uma criança que, embora sozinha aos olhos humanos, segurava firme a mão de Nossa Senhora.
O segredo do Céu está no Coração de Maria
Em suas conversas com Lúcia, Jacinta transmitia os ensinamentos que Nossa Senhora lhe confiava:
— “Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando for para dizeres isso, não te escondas.”
“Não te escondas!” Essas palavras são um chamado que ultrapassa o tempo. É como se Jacinta falasse diretamente a nós, católicos do século XXI.
Não nos calemos! O mundo precisa do Imaculado Coração de Maria como o deserto precisa de água.
Mas… quantos preferem o silêncio? Quantos negam a verdade para agradar ao espírito do tempo?
— “Dize a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria, que Lhas peçam a Ela.”
Essa é a vontade do Céu: que busquemos a misericórdia por meio do Coração Imaculado de Maria.
Se o mundo ainda não foi castigado com todo o rigor da justiça divina, é porque esse Coração maternal continua a interceder por nós.
A tristeza de Nosso Senhor
Jacinta também nos deixou um aviso comovente:
— “Nosso Senhor está triste porque Nossa Senhora disse-nos para não O ofenderem mais, que já estava muito ofendido e ninguém fez caso; continuam a fazer os mesmos pecados.”
Poderíamos dizer que essas palavras foram ditas hoje. Um século se passou, e os pecados se multiplicaram. A indiferença aumentou. As ofensas contra Deus e contra Sua Santíssima Mãe foram normalizadas.
O que mudou? Apenas a gravidade das consequências.
O aparente abandono e a promessa realizada
No final de dezembro de 1919, Jacinta recebeu outra visita de Nossa Senhora. E contou à prima Lúcia:
— “Disse-me Nossa Senhora que vou para Lisboa, para outro hospital; que não te torno a ver, nem a meus pais; que depois de sofrer muito, morro sozinha; mas que eu não tenha medo, que me vai lá Ela mesma a buscar para o Céu.”
Esse quadro — que pode parecer desolador — tem uma beleza sobrenatural.
Enquanto o mundo celebra o conforto e o bem-estar, uma criança morre em silêncio, oferecendo-se pelos pecadores.
Mas no fim, é recebida por Nossa Senhora, que vem buscá-la para o Céu.
Um exemplo para os dias atuais
A história de Jacinta nos interpela.
Ela nos convida a perguntar:
Estamos dispostos a oferecer sacrifícios pelos pecadores? A fazer reparações pelos pecados contra o Imaculado Coração de Maria? A defender a fé e a moral sem temer os juízos do mundo?
Talvez a resposta esteja nas palavras da própria Jacinta:
— “Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!”
E nós… o que fazemos para inflamar outros com esse mesmo amor?
Ato de reparação: um pedido urgente
O exemplo de Jacinta desperta nossa consciência e pede uma ação.
Nossa Senhora está à espera de almas dispostas a reparar as ofensas cometidas contra seu Coração Imaculado.
Essa reparação pode começar hoje mesmo, com pequenos sacrifícios oferecidos por amor: uma oração, um jejum, um gesto escondido de caridade. E, sobretudo, com uma firme recusa ao pecado.
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