Ao ouvir os primeiros acordes do antigo hino da Guarda Suíça, do tempo do Papa Pio XII, somos transportados para uma época em que a Igreja respirava majestade, ordem, beleza e glória.
Era o tempo da pompa sagrada, dos ritos solenes, dos incensos que subiam aos céus como verdadeira oração visível, das basílicas resplandecentes onde cada pedra, cada vitral, cada nota musical apontava para o divino.
Os estandartes tremulavam, as trombetas soavam, e os guardas marchavam com disciplina e honra, como anjos armados a serviço do trono de Pedro.
Que contraste com os nossos dias…
Hoje, tantos templos se transformaram em galpões frios e anônimos. A arquitetura perdeu o sentido do sagrado. O silêncio foi substituído por aplausos, e a beleza por uma estética pobre, por vezes quase ofensiva.
A música, antes uma escada para o Céu, parece muitas vezes nos puxar de volta à terra, com melodias vazias, banais, profanas.
Faltam, muitas vezes, a nobreza do culto, a verticalidade da oração, o mistério que convida à adoração.
Quantos corações, ao entrar em certos templos modernos, não sentem mais aquela emoção que outrora brotava espontânea diante de um altar ricamente ornado, diante de um sacerdote que caminhava com passos medidos, ciente de estar pisando em solo sagrado?
Saudade daquele tempo em que a Igreja, mesmo perseguida, era temida e respeitada.
Saudade dos sinos que dobravam com gravidade, dos hinos latinos que elevavam a alma, das procissões solenes que lembravam aos fiéis a presença real do Rei dos reis entre nós.
Não se trata apenas de saudosismo. Trata-se da sede de transcendência.
De um clamor silencioso por reencontrar o esplendor da fé, da liturgia, da doutrina.
De um desejo profundo de ver novamente a Esposa de Cristo revestida de seus ornamentos mais belos, como uma rainha que se prepara para o encontro com o Esposo.
Talvez este hino da Guarda Suíça — forte, marcial, nobre — sirva como um chamado.
Um eco de tempos gloriosos que ainda vivem na alma da Igreja, esperando ser despertados.
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