Apresentação de Nossa Senhora no Templo: Um Tesouro da Tradição
A festa da Apresentação de Nossa Senhora no templo, que a Igreja celebra no dia 21 de novembro, origina-se de tradições apócrifas e evangelhos não canônicos. O que existe são algumas pistas no chamado Protoevangelho de Tiago.
Tanto no Oriente quanto no Ocidente, observamos esta celebração mariana nascendo do meio do povo e com muita sabedoria. Primeiramente, sendo acolhida pela Liturgia Católica, por isso esta festa aparece no Missal Romano a partir de 1505.
A princípio, a festa busca exaltar a Nosso Senhor Jesus Cristo através d’Aquela que muito bem soube fazer com a vida, como partilha Santo Agostinho, em um dos seus Sermões:
“Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que Dela nos nascesse a salvação? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para Ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente”.
O nascimento da Santíssima Virgem
Segundo a tradição, São Joaquim e Santa Ana já estavam em idade avançada e não tinham filhos. Como naquela época era mal vista uma família estéril – pois aquele povo tinha a promessa de que deles nasceria o Salvador – pediam a Deus com insistência essa graça. E foi assim que prometeram consagrar a Deus o filho que porventura a Sua bondade lhes concedesse.
Como diz Epiteto, “nada de grande se faz de repente!” As lágrimas e as preces deste santo casal foram agradáveis a Deus. Deste modo, Ele os preparava para o grande plano que operava com essa longa espera.
Assim foi até o nascimento da Santíssima Virgem.
Cumpridores de sua palavra, a pequena Maria foi apresentada no Templo de Jerusalém pelos seus pais, aos três anos de idade. Um ato de consagração e entrega total a Deus, dedicando-Lhe sua vida desde a infância.
E como nos diz o Protoevangelho de São Tiago: Então o sacerdote a recebeu, e disse [à Maria]: “O Senhor engrandeceu o teu nome diante de todas as gerações. No final dos tempos, manifestará em ti Sua redenção aos filhos de Israel”.
Segundo a mesma tradição, Maria teria ali permanecido doze anos, saindo apenas para desposar São José. Isso pois, durante este período, ela havia perdido seus pais.
Maria, exemplo de Santidade
A Virgem Maria sempre foi e continuará sendo o grande exemplo para os seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo. Lembremos então do exemplo que este fato nos dá, de entrega total à vontade de Deus e um símbolo de amor e serviço a Ele.
A festa também simboliza a disponibilidade de Nossa Senhora para ser instrumento nas mãos de Deus e seu papel especial na história da salvação. Poderá haver coisa mais bela que a piedade, o desprendimento completo no serviço do Senhor?
Essa fidelidade aos desígnios de Deus é algo que deve ser imitado por todo católico. Assim como a Santíssima Virgem foi apresentada no templo, devemos nos apresentar a Deus dispostos a cumprir os planos divinos em nossas vidas.
Da mesma forma, seus pais muito têm a nos ensinar. Que modelo mais perfeito de pais cristãos poderíamos encontrar? Que exemplo de verdadeiro amor de Deus eles nos dão! Os pais não devem sacrificar os filhos ao egoísmo e às paixões, mas a Deus, que lhes deu.
Como São Joaquim e Santa Ana, devemos estar prontos a oferecer os filhos, quando Deus os chamar para o seu serviço.
Essa festa não apenas ressalta a importância da Virgem Maria na história da salvação, mas também oferece aos fiéis um modelo a seguir, instando-os a se dedicarem à vontade de Deus. Desta forma, é um convite para estarmos prontos para cumprir os desejos divinos em nossas vidas, assim como fizeram a Santíssima Virgem e seus pais.