Cristofobia: a perseguição cultural ao Natal na França

Como decisões administrativas, pressões ideológicas e interpretações jurídicas estão remodelando a presença cristã no espaço público francês.

A perseguição aos cristãos no mundo assume formas distintas conforme o país e o continente.

Em nações como a Nigéria, o Paquistão, a Índia e a China, ela se apresenta de maneira aberta e violenta, com igrejas destruídas, fiéis e líderes religiosos perseguidos e, muitas vezes, assassinados.

No Ocidente, a realidade é diferente: trata-se de uma perseguição cultural, feita de decisões administrativas, normas internas, ações judiciais e políticas de comunicação que, pouco a pouco, vão retirando do cristianismo o direito de existir naturalmente no espaço público.

São muitos os casos. Aqui reunimos apenas alguns dos mais representativos, nos quais se torna evidente a tentativa de reduzir o cristianismo à invisibilidade cultural. Cada um deles está acompanhado de sua fonte original.

Ataques a presépios, censura a canções, renomeações de mercados, remoção de árvores, proibições formais e até vigilância policial de símbolos cristãos compõem um quadro amplo, coerente e profundamente preocupante.

Tomados em conjunto, esses episódios revelam uma França que parece viver uma vergonha crescente de suas próprias raízes, como se reconhecer publicamente o Natal exigisse hoje cautelas que jamais existiram.

AMIENS: o presépio destruído durante a madrugada

O mercado de Natal de Amiens fecha sempre às 20h. Na manhã seguinte, ao reabrirem as barracas, os comerciantes se depararam com o presépio completamente destruído: pedaços de gesso espalhados pelo chão, figuras tombadas, sinais claros de devastação durante a madrugada.

As figuras principais estavam gravemente danificadas: pastores com braços quebrados, animais com pernas arrancadas, José arremessado a alguns metros e Maria caída sobre o banco.

O ponto mais marcante foi o Menino Jesus, decapitado, cuja cabeça foi encontrada a curta distância do berço.

Alguns comerciantes relataram indignação; moradores se aproximaram, e as crianças foram afastadas. A polícia registrou o caso como “vandalismo”, mas o fato de nenhuma outra parte do mercado ter sido tocada levou muitos a interpretar o ato como um ataque deliberado ao presépio.

O episódio repercutiu na cidade como sinal da crescente hostilidade cultural ao Natal em espaços públicos franceses. Fontes: Tribune Chrétienne; France Bleu; La Nouvelle République.

SAINT-DENIS: a palavra “Natal” retirada do espaço público

O mercado de Natal de Saint-Denis sempre foi divulgado como Marché de Noël. Em 2024, a prefeitura substituiu todas as comunicações oficiais pelo termo Bel Hiver, Inverno Bonito, retirando qualquer referência ao Natal.

A mudança apareceu em cartazes, banners, redes sociais institucionais e na programação cultural, sem consulta pública e sem explicação prévia.

Comerciantes afirmaram nunca ter recebido reclamações sobre o nome tradicional. Moradores também demonstraram surpresa, apontando que o mercado sempre conviveu com diversidade cultural sem conflitos.

Ao ser questionada, a prefeitura mencionou “inclusão” e “neutralidade”, mas não apresentou critérios objetivos.

A estrutura do evento permaneceu idêntica: mesmas luzes, mesma decoração, mesma programação. Para muitos, isso reforçou a percepção de que a mudança não foi prática, e sim simbólica, expressão de desconforto institucional com referências natalinas. Fontes: Actu.fr – Saint-Denis; Libération; 20 Minutes.

RENOMEAÇÕES EM SÉRIE: a epidemia municipal de nomes neutros

Após a decisão de Saint-Denis, outras cidades francesas passaram a renomear seus mercados de Natal com expressões neutras como Voyage en Hiver, Fêtes d’Hiver e Marché d’Hiver. Em muitos casos, a mudança ocorreu exclusivamente nos materiais oficiais de comunicação, sem alterações estruturais no evento.

Comerciantes relataram terem recebido orientações informais para adequar suas próprias placas e publicidades à nova nomenclatura. Moradores afirmaram não compreender por que a expressão “mercado de Natal” teria se tornado inadequada, destacando que nunca houve conflito local relacionado ao nome tradicional.

Analistas políticos interpretaram o fenômeno como parte de um movimento de limpeza lexical, no qual se evita explicitamente qualquer referência cristã, ainda que os elementos culturais da festa permaneçam presentes. Fontes: La Gazette des Communes; Libération; Ouest-France.

STRASBOURG: o mercado mais famoso da França sob disputa cultural

O tradicional Christkindelsmärik de Strasbourg, considerado o mercado de Natal mais antigo da Europa, tem enfrentado nos últimos anos uma série de ajustes administrativos que mudaram seu caráter.

Um dos pontos mais discutidos foi a pressão para abandonar o nome histórico em favor de uma designação mais neutra, algo visto por muitos como tentativa de suavizar referências cristãs.

Além disso, comerciantes relataram restrições alimentares incomuns — como limitações à venda de raclette — e inspeções voltadas justamente para identificar símbolos cristãos expostos nas bancas.

Muitos interpretaram essas intervenções como parte de um processo de descaracterização do espírito natalino tradicional.

Expositores disseram que o ambiente se tornou mais regulamentado e menos espontâneo, afastando elementos tradicionais da festa.

A prefeitura justificou as medidas como parte de um “reposicionamento cultural” do evento. Críticos afirmaram que as mudanças criaram a sensação de um mercado monitorado. Fontes: Rue89 Strasbourg; La Croix; Courrier International.

É exatamente analisando casos assim que o nosso apostolado vem alertando milhares de brasileiros sobre a realidade da cristofobia no Ocidente.

E para que essas denúncias continuem sendo feitas — com pesquisa, fontes e responsabilidade — precisamos da ajuda de quem acredita no que fazemos.

Você pode contribuir aqui para fortalecer esse trabalho.

BORDEAUX: a árvore de Natal substituída por uma estrutura metálica

Em 2020, a prefeitura de Bordeaux decidiu abolir a instalação do tradicional pinheiro natural na praça central e substituí-lo por uma estrutura contemporânea de aço.

O anúncio foi apresentado como medida ambiental, sob o argumento de que cortar árvores para decoração seria incoerente com políticas ecológicas municipais.

A decisão, entretanto, gerou ampla reação pública. Moradores afirmaram que a substituição não parecia motivada apenas por preocupações ambientais, mas por uma espécie de desconforto institucional com símbolos natalinos.

A polêmica tomou proporções nacionais quando comentaristas observaram que a prefeitura vinha promovendo eventos culturais alusivos ao inverno, mas evitava referências diretas ao Natal.

Para muitos, a árvore metálica se tornou símbolo da tentativa de transformar a festa tradicional em celebração neutra. Fonte: La Croix.

BEAUCAIRE: o Conselho de Estado proíbe o presépio municipal

Em uma das decisões mais emblemáticas dos últimos anos, o Conseil d’État — a mais alta instância administrativa da França — proibiu o presépio exibido anualmente no hall da prefeitura de Beaucaire.

Embora o município argumentasse que se tratava de tradição local e elemento cultural consolidado, o tribunal concluiu que a presença do presépio violava a lei de 1905 , que estabelece a separação entre Igreja e Estado.

A decisão repercutiu e se tornou referência para outras proibições semelhantes. Juristas favoráveis ao presépio lembraram que a mesma lei permite manifestações culturais em espaços públicos, desde que não haja proselitismo.

O tribunal, porém, adotou interpretação mais estrita, criando precedente que endureceu o tratamento jurídico dado a símbolos cristãos.

A prefeitura lamentou a decisão, afirmando que o presépio não gerava conflitos e era apreciado pela população. Fonte: Le Figaro (16/11/2022).

BÉZIERS: oito condenações por manter o presépio municipal

A cidade de Béziers vive há anos uma disputa recorrente com grupos laicistas por causa de seu presépio municipal. Apesar de diversas decisões judiciais contrárias, a prefeitura insistiu em manter a cena da Natividade no hall, argumentando tratar-se de tradição consolidada no calendário local.

A insistência levou a oito condenações sucessivas, todas aplicando multas à administração municipal. Associações laicistas comemoraram as decisões como vitórias contra a “violação da neutralidade estatal”.

Moradores, entretanto, relataram perplexidade: muitos afirmaram que jamais consideraram o presépio um gesto religioso coercitivo, mas parte natural das festividades.

A disputa tornou-se símbolo da rigidez crescente com que certos tribunais vêm interpretando a lei de 1905. Para críticos, as sucessivas condenações mostram uma postura punitiva desproporcional. Fontes: France 3 Occitanie; BFMTV.

PERPIGNAN: presépio proibido por “finalidade religiosa evidente”

Em Perpignan, o tribunal administrativo proibiu a instalação do presépio municipal alegando que ele expressaria “finalidade religiosa evidente”, ultrapassando o limite cultural permitido pela jurisprudência.

A decisão surpreendeu porque a cena seria instalada em área de circulação pública, sem caráter litúrgico nem evento religioso associado.

A prefeitura argumentou que presépios fazem parte do patrimônio regional e que sua presença em espaços públicos sempre foi amplamente aceita. Segundo autoridades locais, não havia reclamações da população, apenas ações movidas por grupos ideológicos.

Juristas críticos observaram que o raciocínio do tribunal cria um paradoxo: admitir um presépio cultural que não manifeste… elementos religiosos suficientes deixaria de ser um presépio. Para a prefeitura, a decisão reforça o ambiente de hostilidade simbólica ao Natal. Fonte: Actu.fr – Perpignan.

BÉZIERS: protesto organizado contra o presépio da prefeitura

Em Béziers, a disputa sobre o presépio não se limita às ações judiciais. Em 2024, grupos laicistas organizaram uma manifestação formal em frente à prefeitura exigindo a retirada imediata da cena da Natividade instalada no hall municipal.

O protesto reuniu representantes da autodenominada Liga dos Direitos Humanos (LDH), militantes locais e políticos de esquerda, que portavam cartazes afirmando que o presépio “violava o espírito da laicidade”.

Moradores contrários à retirada também compareceram, resultando em clima tenso, embora sem confrontos físicos.

A prefeitura destacou que o presépio é exposto anualmente há mais de duas décadas e nunca havia provocado conflitos reais entre cidadãos. Para muitos, a manifestação simbolizou o grau de politização que o tema do Natal alcançou na França. Fontes: France 3 Occitanie; BFMTV.

CENSURA A CANÇÕES DE NATAL EM ESCOLAS PÚBLICAS

Diversas escolas francesas passaram a remover de seus concertos e apresentações de fim de ano músicas tradicionalmente associadas ao Natal, como Douce Nuit (Noite Feliz).

A justificativa recorrente é a necessidade de “respeitar a laicidade” e evitar referências explícitas ao nascimento de Cristo. Pais relataram surpresa, afirmando que as canções sempre fizeram parte do repertório cultural francês sem causar divisões.

Em algumas instituições, professores foram orientados a selecionar apenas músicas sem conteúdo religioso ou menções à Natividade. A mudança provocou debates sobre os limites entre neutralidade e apagamento cultural.

Para muitas famílias, a remoção de músicas que existiram por gerações marca um passo simbólico importante: o Natal permanece no calendário, mas seus elementos mais reconhecíveis são progressivamente filtrados. Fonte: Reinformation.tv.

PRESSÕES PARA REMOVER PRESÉPIOS E ÁRVORES DE NATAL

Associações laicistas intensificaram, nos últimos anos, ações judiciais e notificações formais para impedir a instalação de presépios e até de árvores de Natal em espaços públicos.

Em diversas cidades, prefeitos preferiram cancelar as montagens para evitar litígios caros e prolongados. Em outras, administrações locais retiraram símbolos após simples ameaças de processo.

A controvérsia gerou confusão jurídica: a legislação francesa permite manifestações culturais, mas tribunais têm aplicado critérios diferentes dependendo do caso.

Esse cenário levou muitas prefeituras a adotar postura defensiva, eliminando voluntariamente elementos tradicionais para não enfrentar desgaste político.

O resultado é um efeito cumulativo: o que era evidente e consensual — presépio na prefeitura, árvore na praça — agora exige pareceres, estudos e precauções, como se a expressão cultural francesa tivesse se tornado potencialmente ilegal. Fontes: Lagazettedescommunes; Le JDD; Cath.ch.

ORIENTAÇÃO A COMERCIANTES PARA EVITAR SÍMBOLOS CRISTÃOS

Relatos de comerciantes em diferentes regiões da França indicam que organizadores de mercados de inverno vêm orientando, de maneira informal, a evitar exposição de crucifixos, imagens da Natividade e outras referências cristãs em bancas públicas.

As recomendações não aparecem em documentos oficiais, mas são transmitidas verbalmente para evitar controvérsias.

Vendedores afirmam que essas orientações nunca existiram no passado e que presépios em miniatura, figuras religiosas e cartões natalinos tradicionais sempre fizeram parte natural da economia local. A mudança é percebida como tentativa de criar um ambiente onde símbolos cristãos se tornam elementos indesejados.

O impacto econômico também foi mencionado: comerciantes especializados em artigos religiosos relataram queda de vendas após a pressão para “discretizar” seus produtos.

Para muitos observadores, esse tipo de autocensura forçada é sinal claro de hostilidade cultural ao cristianismo. Fontes: La Nouvelle République; France Bleu.

DEBATE NACIONAL SOBRE O FIM DAS ÁRVORES DE NATAL

Nos últimos anos, o debate francês sobre o uso de árvores de Natal em espaços públicos ganhou destaque.

Em algumas cidades, prefeitos questionaram a instalação de pinheiros naturais alegando razões ambientais, mas críticos apontaram que, por trás do discurso ecológico, havia desconforto crescente com o simbolismo cristão da árvore.

O caso de Bordeaux — onde o pinheiro foi substituído por uma estrutura metálica — gerou discussões nacionais. Veículos de imprensa europeia noticiaram a tendência, questionando se caminhava-se para um “Natal sem símbolos”.

Em certos círculos acadêmicos, ensaiou-se inclusive justificar a retirada de árvores com argumentos sobre “neutralidade simbólica”.

Para muitos franceses, a simples necessidade de justificar a presença de uma árvore — símbolo amplamente aceito e cultural — indicou o avanço de um processo de erosão simbólica. Fontes: INA; Cath.ch; La Croix.

Por isso, não podemos tratar esses fatos como simples notícias isoladas.

É justamente aqui que o apostolado precisa ser firme, visível e constante  e isso só é possível graças às pessoas que sustentam este trabalho.

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NOTIFICAÇÕES A PREFEITOS: presépios ao ar livre sob risco jurídico

Diversas prefeituras receberam notificações formais alertando que presépios em praças abertas poderiam violar a lei de 1905 caso fossem interpretados como manifestações religiosas.

Diante da possibilidade de processos longos e desgastantes, muitos prefeitos preferiram cancelar as montagens, ainda que nunca houvesse ocorrido reclamação popular.

Alguns administradores relataram que bastava o envio de uma carta de associação laicista para criar clima de insegurança jurídica. Isso levou municípios a adotar postura defensiva, eliminando símbolos natalinos preventivamente.

Embora a legislação permita eventos de caráter cultural, a interpretação variável dos tribunais gerou ambiente de temor.

O resultado é que presépios ao ar livre — elementos tradicionais e consensuais — passaram a ser tratados como potenciais infrações. Fontes: Vie-Publique.fr; La Nouvelle République.

“NATAL SEM JESUS”: a discussão aberta na mídia europeia

Veículos de imprensa europeia, incluindo meios suíços e franceses, passaram a registrar uma tendência: a tentativa crescente de eliminar presépios, árvores, canções e referências cristãs do Natal.

Reportagens sugerem que parte do debate público já se pergunta abertamente se a festa poderia evoluir para um “Natal secularizado”, desprovido de elementos religiosos.

O tema ganhou força quando especialistas questionaram se um Natal sem seus símbolos essenciais ainda seria reconhecível como Natal.

O debate tornou-se emblemático: não se trata apenas de um ornamento retirado, mas do sentido da festa sendo gradualmente esvaziado. Fonte: Cath.ch.

DIANTE DISSO, ONDE FICAMOS NÓS

Os casos apresentados aqui mostram que o debate francês sobre o Natal deixou de ser um tema marginal ou secundário.

Quando nome, árvore, música, presépio e símbolos básicos passam a exigir cautela, explicação ou parecer jurídico, a questão já não é apenas administrativa: é civilizacional.

A perseguição cultural não derruba igrejas, mas corrige vocabulário; não proíbe a fé, mas empurra sua expressão para a margem; não confronta diretamente, mas desgasta por repetição. E cada gesto aparentemente pequeno prepara o terreno para o próximo.

É aqui que entra o leitor: até onde é possível assistir a esse processo sem perceber que a perda já não é simbólica?

A França ainda celebra o Natal, mas o faz envergonhada de si mesma, com a cautela de quem teme reconhecer aquilo que a formou.

Age como se fosse preciso pedir desculpas por ser o que sempre foi: uma nação moldada pelo cristianismo.

O sinal de alerta está aceso. Resta decidir se assistiremos ao apagamento cultural como espectadores ou como guardiões daquilo que recebemos.

O que hoje acontece na França pode, amanhã, repetir-se no Brasil, se recuarmos por medo, comodismo ou silêncio diante do que deveria ser defendido.

Se queremos manter viva a presença cristã no espaço público e impedir que o Brasil siga o mesmo caminho, precisamos sustentar quem ainda tem coragem de falar.

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