Um panorama mundial da perseguição aos cristãos. Da Nigéria à Finlândia, do Sudão à América Latina. Onde a fé é provada, silenciada ou combatida.

Continua a repercutir o Relatório 2025, publicado pela fundação de direito pontifício Aiuto alla Chiesa che Soffre, sobre o qual escrevi na semana passada.
O documento analisa a liberdade religiosa em 196 países, mostrando onde e de que forma as pessoas são discriminadas ou perseguidas por causa da fé.
Segundo o relatório, 5,4 bilhões de pessoas — cerca de 67% da humanidade — vivem em nações onde a liberdade religiosa é parcial ou inexistente.
A maioria dessas vítimas é cristã, perseguida em muitos países com prisões, exílios e até assassinatos.
Em outras regiões, a hostilidade se manifesta por meio de leis restritivas, censura cultural e exclusão social.
O resultado é sempre o mesmo: quem crê em Jesus Cristo é tratado como suspeito, e a fé, como um delito moral.
O caso da Turquia, citado no relatório, ilustra bem essa realidade: cristãos representam menos de 1% da população e enfrentam crescentes obstáculos para exercer o culto.
Desde 2020, mais de 200 fiéis e suas famílias foram expulsos sob o pretexto de representar “ameaça à segurança nacional”.
O ensino da Bíblia fora de instituições controladas pelo Estado é proibido, uma discriminação sistemática, em flagrante violação até mesmo da Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
Ainda assim, a Turquia segue candidata à União Europeia, uma contradição que poucos ousam denunciar.
Enquanto a grande imprensa se cala, cabe a nós dar voz aos perseguidos.
E é exatamente isso que o apostolado da Associação Regina Fidei faz: denuncia, informa e reza pelos cristãos oprimidos — mas só pode continuar com sua ajuda.
Clique aqui e faça uma doação para que essa voz jamais se cale.
E os acontecimentos desta semana — vindos da Nigéria, Sudão, Finlândia, Índia, Paquistão, China e América Latina — mostram que a Cristofobia é um fenômeno global, que atravessa fronteiras e regimes.
Nigéria, um país em estado de martírio
No último dia 31 de outubro, os Estados Unidos designaram oficialmente a Nigéria como “Country of Particular Concern”, classificação reservada a países que violam gravemente a liberdade religiosa.
O presidente Donald Trump anunciou a decisão e advertiu que, se os ataques anticristãos persistirem, sanções e até intervenção direta não estão descartadas.
Grupos jihadistas como o Boko Haram e milícias fulani continuam atacando aldeias cristãs, incendiando igrejas e sequestrando fiéis.
Em algumas regiões, as missas dominicais são celebradas sob proteção armada.
Mais de 5 mil cristãos foram assassinados entre 2021 e 2024. E 17 mil igrejas destruídas desde 2009.
A decisão americana reacende a esperança de pressão internacional, mas também o temor de novas tensões internas.
Sudão, o Evangelho entre ruínas
Após a queda de El Fasher, último reduto controlado pelo governo no estado de Darfur do Norte, o conflito civil sudanês alcançou níveis de brutalidade inéditos.
A cidade foi tomada pelas Rapid Support Forces (RSF), milícia muçulmana chefiada por Mohamed Hamdan Dagalo, que transformou campos de refugiados em bases de guerra, deixando milhares de cristãos sem abrigo e impedidos de celebrar o culto.
A sudanesa Mariam Ibrahim, condenada à morte em 2014 por “apostasia” ao casar-se com um cristão, recordou, em depoimento recente nos Estados Unidos: “Em muitos países, possuir uma Bíblia ainda é considerado ato de terrorismo.”
Libertada após intensa pressão internacional, ela contou que lia as Escrituras em segredo, escondendo páginas no cabelo enquanto estava presa.
O caso do Sudão resume uma verdade dolorosa: quando a fé não pode ser destruída pela força, tenta-se apagá-la pelo medo e pelo esquecimento.
Finlândia, o processo de Päivi Räsänen
No norte da Europa, a perseguição assume o rosto da censura judicial.
A médica e deputada Päivi Räsänen, ex-ministra do Interior da Finlândia, responde na Suprema Corte por ter publicado, em 2019, um tweet com os versículos de Romanos 1:24-27.
O Ministério Público a acusa de “discurso de ódio contra minorias sexuais”, alegando que citar essa passagem bíblica teria “difamado e insultado” pessoas homossexuais.
Räsänen já foi absolvida duas vezes por unanimidade, mas o caso foi reaberto por insistência da promotoria.
Ela responde: “Não é ódio. É amor pela verdade.”
O episódio tornou-se símbolo do novo tipo de perseguição no Ocidente: punir quem permanece fiel à doutrina cristã.
Na China, a fé vigiada
Na China, o Partido Comunista intensifica a política de “sinicização das religiões”.
Igrejas são obrigadas a substituir cruzes por bandeiras e imagens de Cristo por retratos de Xi Jinping.
Cultos online foram restringidos, e menores de 18 anos estão proibidos de participar de atividades religiosas.
A fé que não se submete ao Estado é vista como “ameaça à segurança nacional”, expressão que, na prática, justifica prisões, demolições e censura.
Na Índia, nacionalismo e intolerância
Na Índia, o avanço do nacionalismo hindu e as leis “anti-conversão” criaram um ambiente hostil.
Em 2024, houve 834 ataques contra cristãos, cem a mais que no ano anterior.
Os estados de Uttar Pradesh, Chhattisgarh e Madhya Pradesh concentram as prisões e destruições de templos sob a acusação de “proselitismo ilegal”.
Hoje, professar publicamente a fé tornou-se um ato de coragem diária.
No Paquistão, a blasfêmia como sentença
No Paquistão, os cristãos — apenas 1,8% da população — respondem por 25% das acusações do assim chamado crise de “blasfêmia”.
A simples suspeita basta para prisão ou linchamento.
O ataque de Jaranwala, ocorrido em agosto de 2023, foi um dos piores episódios de violência anticristã na história recente do Paquistão.
A tragédia começou após a falsa acusação de blasfêmia contra dois cristãos — um deles, um jovem varredor de rua — suspeitos de terem rasgado páginas do Alcorão.
Em poucas horas, multidões enfurecidas, incitadas por alto-falantes de mesquitas, invadiram o bairro cristão da cidade.
Mais de 20 igrejas foram incendiadas, centenas de casas destruídas e famílias inteiras obrigadas a fugir, enquanto a polícia assistia quase inerte.
Embora dezenas de agressores tenham sido identificados por vídeos e testemunhos, nenhum dos responsáveis foi efetivamente punido.
O episódio mostrou, mais uma vez, como a lei da blasfêmia — oficialmente destinada a proteger a religião — tem se tornado um instrumento de terror contra os cristãos.
A impunidade consolidou a mensagem de que a vida de um cristão vale menos. Hoje, centenas continuam presos sob falsas acusações — entre eles, adolescentes.
É a perseguição legalizada, travestida de zelo religioso.
Diante de tanta dor, não podemos assistir de braços cruzados. Apoie o apostolado da Associação Regina Fidei a continuar denunciando os ataques a esses irmãos católicos.
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Na Europa, o novo laicismo agressivo
Em 2023, o Observatory on Intolerance and Discrimination Against Christians registrou 2.444 crimes de ódio anticristãos em 35 países europeus.
A França somou quase mil ataques; a Alemanha, aumento de 105% em relação ao ano anterior.
A perseguição já não se faz com prisões, mas com exclusão simbólica: símbolos cristãos retirados de espaços públicos, leis que classificam passagens bíblicas como “discurso ofensivo” e punições a professores por simples atos de oração silenciosa.
O laicismo europeu não mata o corpo. Mata a alma, anestesiando a consciência cristã.
Na Turquia, a liberdade escrita, mas não vivida
Na Turquia, a liberdade religiosa de praticar a fé existe apenas na Constituição.
O país, profundamente islamizado, impõe severas restrições a quem não é muçulmano.
Cristãos enfrentam barreiras no culto, limitações no ensino religioso e discriminação profissional.
Multiplicam-se as expulsões e proibições de entrada de missionários estrangeiros.
A situação foi denunciada recentemente em Varsóvia, durante a Conferência sobre a Dimensão Humana da OSCE, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.
Na ocasião, representantes católicos alertaram para o paradoxo turco: um Estado que aspira à integração europeia, mas continua negando direitos fundamentais às suas minorias religiosas.
Na América Latina, o cerco difuso
Na Nicarágua, o regime de Daniel Ortega transformou a Igreja Católica em inimiga política.
Mais de 200 sacerdotes e religiosas estão exilados; procissões da Semana Santa foram proibidas e emissoras católicas fechadas.
O simples uso do hábito pode levar à prisão.
No Peru, gangues e traficantes intimidam comunidades cristãs, vandalizam igrejas e ameaçam sacerdotes.
Entre povos indígenas, a conversão ao cristianismo costuma gerar exclusão social: novos fiéis são afastados das assembleias locais e privados de direitos que antes possuíam.
É uma perseguição silenciosa, mas constante.
A resposta não pode ser o medo, mas a fidelidade.
De Abuja a Helsinque, de Cartum a Lima, repete-se o mesmo drama: a cruz volta a ser sinal de contradição.
Alguns cristãos são mortos; outros, silenciados; muitos aprendem a confessar discretamente o nome de Jesus, mas todos participam da mesma Paixão.
Devemos rezar por eles, divulgar seus nomes e recordar ao mundo que a liberdade de crer e de praticar a fé é o fundamento de todos os outros direitos humanos.
O silêncio e a indiferença também são formas de perseguição.
Por isso, não se cale. Ajude o apostolado da Regina Fidei a denunciar esses ataques e a sustentar a fé dos que sofrem em nome de Cristo. Faça sua doação agora e participe desta missão.
Enquanto houver um cristão acorrentado, censurado ou isolado, toda a Igreja estará sob prova.
Que nossa oração e nosso apostolado sejam o eco destas palavras:
“Quem não se ajoelha diante de Deus, cedo ou tarde se ajoelha diante do mundo.”





