Você sabe o porquê celebramos o Dia de Finados? Qual a origem desta data e a importância de rezar pela alma dos que já faleceram?

Todos os anos, quando novembro chega, um sentimento familiar paira no ar. É uma mistura de saudade, memória e reflexão.
No entanto, para os católicos, o Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro, vai muito além da nostalgia.
Ele favorece a vivência concreta de uma verdade professada no Credo: “Creio na Comunhão dos Santos”.
Esta doutrina expressa uma realidade vibrante: em Cristo somos um só corpo, que nem a morte pode separar.
Consequentemente, estamos unidos tanto com os fiéis da terra, como com aqueles que já contemplam a Deus no Paraíso.
Mas nossa união se estende também às Almas que padecem no Purgatório. Elas dependem diretamente da nossa caridade, para alcançarem a visão beatífica.
A Oração pelos Mortos: Um Ato de Amor que Transcende o Tempo
Há um grande mistério na morte. Ela se levanta contra nós com um poder terrível e incontrolável.
Pessoas que amamos nos deixam, colocando-se além de nossas forças. Uma mortalha se coloca entre nós e os que partiram, levando algo de nós mesmos, de nossos pensamentos, lembranças e sentimentos.
Contudo, parte desses sentimentos inclui o desejo de que os falecidos estejam bem, estejam em paz, desfrutem da luz divina.
É nesse amor pelos falecidos (amor que nunca falha), que os antigos povos encontravam o fundamento para a oração pelos mortos.
Mas não somente os pagãos: também os judeus rezavam pelos mortos, convictos que suas almas necessitavam de expiação.
Das Catacumbas a Cluny: A História que Deu Origem a Data
Para conhecermos a origem da comemoração dos Fiéis Defuntos, precisamos voltar na Igreja Primitiva.
Desde muito cedo os cristãos rezavam pelos mortos. Tertuliano, um cristão de Cartago que viveu entre os séculos II e III d.C., atesta o uso dos sufrágios em expiação dos mortos, afirmando:
“Oferecemos sacrifícios pelos mortos em seus aniversários (isso é, na data em que eles morreram) na eternidade.”
Entretanto, embora a Igreja rezasse pelo descanso eterno dos falecidos e oferecesse sufrágios para sua libertação do Purgatório, não havia um dia reservado para essa prática.
Esta unificação só ocorreria séculos depois, através de uma inspiração divina.
A Inspiração de Santo Odilon de Cluny
No século X, no Mosteiro de Cluny, na França, vivia um santo monge, o abade Odilon, muito devoto das Benditas Almas.
Sua vida, suas orações, sofrimentos, mortificações e missas, eram destinadas à libertação das almas do Purgatório.
Um de seus irmãos religiosos, que voltava da Terra Santa, foi atingido por um temporal em direção à costa da Sicília.
Ao buscar refúgio, enquanto aguardava a melhoria do tempo, ele encontra um eremita que relata ouvir vozes angustiadas que saíam de uma caverna e em revelação soube que eram os lamentos das almas em purificação.
Mas não eram somente as almas que gemiam. Os demônios, por sua vez, rugiam de frustração contra o Abade Santo Odilon, cujas preces ajudavam as almas a se libertarem.
Impactado pelo relato narrado por seu confrade, Santo Odilon instituiu para todos os mosteiros de ordem cluniacense um dia especial de oração pelos falecidos: 2 de novembro.
Esta memória foi posteriormente estendida para toda a Igreja no século XIII, consolidando-se como uma das datas mais importantes do calendário litúrgico.
E ainda hoje, essa missão continua nas mãos de fiéis que rezam pelos que esperam a libertação. Clique e inscreva-se na Liga de Resgate das Almas do Purgatório.
Do Purgatório ao Céu: As Almas Contam Conosco
A celebração dos Fiéis Defuntos é uma oportunidade para fazermos uma reflexão sobre a vida. Ela terminará para todos nós, e esta certeza deve nos mover à conversão constante.
Ser feliz e viver bem não quer dizer acumular tesouros, prazeres ou glórias, mas fazer o bem e preparar uma vida eterna com Deus.
Esta data também nos faz recordar a realidade do Purgatório, onde reside um consolo imenso: se alguns de nossos entes queridos ali ainda estão, já estão salvos! Eles superaram a batalha final.
No entanto, se estão neste lugar de purificação, esperam ansiosamente nossa caridade e nossas orações.
O Padre Pio, que sentia profundamente o sofrimento das almas benditas, pedia constantemente a seus filhos espirituais que oferecessem orações para que elas alcançassem a glória do Céu.
E Nós, os que Permanecemos na Batalha
Agora, nós somos seus maiores aliados na jornada final. Rezar por eles, oferecer-lhes indulgências e sufrágios é um ato de caridade que acelera o seu encontro definitivo com Deus.
Ao nos dedicarmos às almas do purgatório, estamos, na realidade, preparando nosso próprio coração para a eternidade, tecendo laços de caridade que nos sustentarão.
Que nesta data possamos, portanto, traduzir nossa saudade em prece e nossa memória em sufrágios pelos que amamos e já se foram.
Isso nos granjeará amigos na eternidade e nos aproximará daquele que é o próprio Amor: Deus.
O amor não termina com a morte — ele atravessa o tempo e une Céu, Terra e Purgatório numa mesma comunhão.





