O fim da URSS teria sido a conversão profetizada? Entre aparências políticas e a promessa de Fátima, onde está a verdade?

Fátima e a conversão da Rússia
Na aparição de 13 de julho de 1917, Nossa Senhora fez um pedido e uma promessa aos Pastorinhos.
Ela pediu a Consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração e prometeu que, se esse pedido fosse atendido, a Rússia se converteria.
Com a dissolução da União Soviética, em 1991, muitos imaginaram que essa conversão já estivesse em andamento, sobretudo porque o regime russo passou a se apresentar como guardião da tradição cristã.
Entretanto, trata-se de uma imagem cuidadosamente construída, que contrasta com a realidade de um governo marcado por práticas autoritárias e políticas pouco compatíveis com o verdadeiro espírito da civilização cristã.
Reduzir a promessa de Nossa Senhora a um mero acontecimento político seria limitar indevidamente a sua profundidade.
Terá sido apenas isso o que a Virgem anunciou?
“A Rússia se converterá e terão paz”
Há, portanto, razões legítimas para que se faça a pergunta que dá título a este artigo: a conversão da Rússia já aconteceu?
Na terceira aparição, a Virgem explicou que, após a consagração da Rússia e sua conversão, seria concedido ao mundo um período de paz:
“Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz”.
Mas será que hoje experimentamos essa paz?
Será que os erros do comunismo deixaram de existir?
Santo Tomás de Aquino, na Suma Teológica, define a paz como “tranquilidade na ordem”, ou seja, a serenidade social que nasce da obediência à ordem estabelecida por Deus.
Sob esse ponto de vista, é difícil acreditar que vivamos em paz.
Os erros do comunismo não desapareceram; apenas assumiram novas formas.
Hoje se apresentam em disputas ideológicas que colocam famílias e povos uns contra os outros, explorando diferenças de sexo, gerações ou cor da pele.
O Livro da Sabedoria já denunciava, em tom profético, essa falsa paz:
“O nome de paz a um estado tão infeliz, onde reinam tantos males: o ocultismo, a não conservação da pureza nem na vida, nem no matrimônio, adultério, crime, fraude, corrupção, deslealdade, revolta, perjúrio, perseguição dos bons, esquecimento da gratidão, perversão dos sexos, instabilidades no casamento” (Sb 14, 22-26)!
É por isso que convidamos você a juntar-se ao grupo Missionários de Fátima, oferecendo orações e sacrifícios pela conversão da Rússia e pela paz no mundo.
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Que conversão houve na Rússia?
Por trás da cortina de fumaça da imagem que o regime russo procura projetar, há uma realidade bem diferente.
É difícil ter acesso a dados consistentes em um país fechado, mas reportagens recentes noticiaram que a Rússia bate recordes de baixa natalidade sob o governo Putin.
Além disso, assiste-se ao renascimento do culto à personalidade de Stalin, elogiado publicamente pelo atual presidente russo.
No campo religioso e moral, não há grandes diferenças em relação aos países ocidentais secularizados: a prática religiosa é baixíssima e a degradação moral avança.
Segundo pesquisa da Pew Research, apenas 7% dos russos frequentavam regularmente os templos.
A taxa de abortos continua altíssima: segundo a ONU, a Rússia é o país com o maior número de abortos por mulher em idade fértil.
Aproximadamente 1,3 milhão de abortos são realizados anualmente, o que equivale a 53,7 para cada mil mulheres entre 15 e 44 anos.
Soma-se a isso a prática da barriga de aluguel, legalmente permitida.
Mas há ainda um fato mais grave: diante da guerra contra a Ucrânia, que arrasta consigo não apenas destruição material, mas também a perseguição sistemática aos católicos greco-ucranianos, como alguém pode ousar afirmar que a Rússia já se converteu?
Que conversão seria essa, marcada pelo sangue de inocentes, pela profanação de templos e pelo silenciamento de sacerdotes fiéis a Roma?
O que de fato Nossa Senhora prometeu?
Ao contrário dos que enxergam no atual regime russo a conversão anunciada em Fátima, o Padre Joaquín María Alonso — que entrevistou a Irmã Lúcia diversas vezes — afirmou em seu livro La verdad sobre el secreto de Fátima:
“Poderíamos dizer que Lúcia sempre pensou que a ‘conversão’ da Rússia não deveria ser entendida meramente como um regresso do povo russo à religião cristã ortodoxa, rejeitando o ateísmo marxista dos soviéticos, mas antes referindo-se simples e claramente à conversão total e integral do regresso à única e verdadeira Igreja, a Católica Romana.”
Como imaginar que Nossa Senhora aceitaria que o povo russo permanecesse no erro do cisma ortodoxo?
Será que a Mãe de Deus, exterminadora de todas as heresias, aprovaria uma fé separada de Roma e do Santo Padre?
O Papa Bonifácio VIII ensinou na Bula Unam Sanctam:
“Agora, portanto, declaramos, dizemos, determinamos e pronunciamos que, para toda criatura humana, é necessário, para a salvação, estar sujeita à autoridade do Pontífice Romano.”
Esse ensinamento foi reafirmado pelo V Concílio de Latrão, que declarou:
“É da necessidade da salvação para todos os fiéis de Cristo estarem sujeitos ao Pontífice Romano.”
Portanto, Nossa Senhora não poderia ter prometido uma conversão à democracia liberal ou a qualquer outro sistema humano, mas sim à verdadeira fé católica.
E essa conversão ainda não aconteceu.
As adesões ao catolicismo na Rússia são raríssimas, e o Estado só concede reconhecimento oficial a quatro religiões: ortodoxia, budismo, judaísmo e islamismo.
A Igreja Católica é apenas tolerada, sem liberdade plena para se propagar. Isso não corresponde ao sinal de uma conversão autêntica.
A Rússia ainda deverá se converter
Sob Putin, o regime continua a praticar uma política de mera tolerância, cujos limites com a intolerância permanecem incertos, como demonstram os fatos recentes na guerra contra a Ucrânia.
O próprio fato de nenhum Papa ter pisado em solo russo até hoje revela como a Igreja Católica é vista com desconfiança pelo poder político.
É justo, portanto, concluir que, ao contrário do que alguns afirmam, a Rússia ainda deverá se converter.
Se Nossa Senhora prometeu, é certo que acontecerá. Padre Pio também profetizou essa conversão.
Porque converter-se significa abraçar a verdade plena de Jesus Cristo na única Igreja por Ele fundada, não perpetuar o cisma, nem fomentar guerras fratricidas que esmagam aqueles que perseveram na fé católica.
A nós, cabe permanecer firmes no Rosário, na penitência e na devoção ao Imaculado Coração de Maria.
Ao tornar-se Missionário de Fátima, você se une a milhares que já atendem ao pedido da Virgem em 1917, espalhando esperança e fortalecendo a fé católica.
Inscreva-se agora e faça parte desta missão.
Porque, quando a Rússia finalmente se ajoelhar diante da verdadeira fé, esse será o prelúdio do triunfo da Virgem Santíssima.





