O olhar da Igreja sobre os jogos de azar e o equilíbrio cristão com os bens terrenos.

Muita gente já se perguntou: será que fazer uma “fezinha” na loteria é pecado?
A dúvida é legítima e aparece em conversas de bar, rodas de amigos e até mesmo dentro das paróquias.
Afinal, a Igreja condena toda e qualquer aposta?
Os jogos e a fé: uma questão de consciência
O Catecismo da Igreja Católica ensina que “os jogos de azar e as apostas não são, em si mesmas, contrários à justiça” (CIC § 2413).
Para que os jogos de azar possam ser considerados moralmente lícitos, é necessário observar dois aspectos: o de quem organiza e o de quem participa.
Quanto aos organizadores, há exigências fundamentais. Antes de tudo, não podem recorrer a fraudes, pois isso significaria enganar aqueles que confiam e apostam.
Além disso, não é admissível obterem recompensas desproporcionais, explorando a esperança das pessoas em conquistar um prêmio.
É exatamente o que ocorre, por exemplo, com o chamado “jogo do bicho”: são pecaminosos, pois servem principalmente para enriquecer de forma ilícita os que o administram.
Todavia, além da questão do moralmente permitido, é preciso perguntar se é aconselhável espiritualmente apostar nesses jogos.
E quanto aos participantes? A maior parte do problema não está em quem organiza o jogo, mas em quem decide apostar.
O 7º Mandamento e os Jogos de Azar
À primeira vista, pode parecer estranho relacionar loteria e apostas com o 7º Mandamento — “não roubarás”.
Mas o Catecismo é claro: “o sétimo mandamento proíbe tomar ou reter injustamente o bem do próximo e prejudicá-lo nos seus bens” (CIC § 2401).
Ou seja, quando o jogo compromete o sustento da família, ele deixa de ser um simples entretenimento e passa a ferir a justiça.
Aqui está a chave: nossos recursos não servem só para nós mesmos.
Se você é pai ou mãe de família, por exemplo, desviar esses recursos para o jogo é trair essa missão sagrada.
Cuidar da sua família é, antes de tudo, cumprir a vontade de Deus.
Entre o entretenimento e a tentação do vício
Um bilhete de loteria, uma cartela de bingo na paróquia pode parecer inofensivo, mas o risco está no apego desordenado ao dinheiro fácil.
Quantos lares já não foram destruídos porque um pai ou uma mãe deixaram de lado as responsabilidades para alimentar a ilusão do “próximo sorteio”?
O jogo, quando vira obsessão, não é diferente de outros pecados que afastam o coração da verdadeira paz.
No fim, ainda que você seja sorteado, nenhum prêmio compensa a perda da dignidade e da paz no lar.
O que fazer diante dessa realidade?
Em tempos em que propagandas de jogos online invadem as cidades e até as telas dos celulares, o cristão é chamado a discernir:
Será que esse tipo de investimento realmente traz benefício para a sociedade ou apenas alimenta ilusões?
O Evangelho nos dá uma direção clara: “Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo” (Lc 3,11).
A caridade e a salvação das almas valem infinitamente mais que qualquer prêmio milionário.
Quer apostar em algo realmente seguro? Aposte em sua fé. Torne-se Filho Protegido do Padre Pio e invista na eternidade.
Tudo me é permitido, mas tudo me convém?
Apostar na loteria, de forma moderada, não é pecado. Jogar no bingo da igreja, de alguma obra beneficente, também não.
Mas entregar-se à ilusão do ganho fácil, sim, pode ser uma grave falta contra a justiça e contra o amor ao próximo.
Portanto, se quiser jogar, jogue naquilo que gera lucros eternos. Inscreva-se hoje mesmo como Filho Protegido do Padre Pio!
E lembre-se: o maior prêmio que podemos conquistar não está em bilhetes premiados, mas no Céu, onde “a ferrugem não consome, nem os ladrões roubam” (Mt 6,20).





