Refletir sobre o fim da vida terrena pode ser o caminho mais seguro para viver com mais propósito, amor e santidade.

O esquecimento que adoece o mundo
Vivemos em uma sociedade que foge da morte, escondendo-a a qualquer custo.
Os doentes são retirados do convívio familiar, funerais são transformados em eventos rápidos, e até a linguagem muda: “foi embora”, “descansou”, “virou estrelinha”.
Essa recusa em encarar a realidade gera uma ilusão perigosa, porque todos nós, sem exceção, morreremos.
Daí a avalanche de distrações, vaidades e vícios que marcam nosso tempo. Mas nem sempre foi assim.
Durante a Idade Média, a arte cristã lembrava constantemente a brevidade da vida humana.
Pinturas e até relógios eram pintados com uma caveira como um alerta: “a vida é breve, prepare-se para a eternidade”.
Essa pedagogia gerava responsabilidade moral e lembrava ao homem que devia prestar contas a Deus.
A morte como mestra da vida
O mundo moderno considera mórbido falar sobre a morte. Mais cedo ou mais tarde, entretanto, cada um de nós fechará os olhos para este mundo.
Seja de forma repentina ou ao final de uma vida longa, a morte não poupa ninguém.
Por isso, a Sagrada Escritura nos recomenda: “Melhor é ir à casa onde há luto do que à casa onde há banquete, porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração” (Ecl 7,2).
E também: “Em todas as tuas obras, lembra-te do teu fim, e nunca pecarás” (Eclo 7,40).
Ter a morte em vista é, antes de tudo, uma graça, pois nos permite evitar o pecado. Esquecer-se da morte, pelo contrário, gera orgulho e imprudência.
Quem mantém a consciência da morte vive mais atento, mais responsável e mais próximo de Deus.
Ela nos ensina a perdoar sem demora, a buscar a conversão diária sem desculpas. Em outras palavras, o contato com a realidade da morte nos educa para o que não passa.
Era assim que Padre Pio orientava seus filhos espirituais: não desperdiçar o tempo da graça, confessar-se com frequência e reparar o mal com obras concretas.
Afinal, cada dia pode ser o último antes do encontro definitivo com Deus.
Então, por que esperar o amanhã? É preciso preparar-se agora.
O crânio: sinal que liberta do apego terreno
Não à toa a tradição cristã deu forma visível a essa lição por meio da caveira. Os santos compreenderam essa sabedoria melhor do que ninguém, por isso muitos deles meditavam diante de um crânio.
Para São Jerônimo, a caveira lembrava que toda glória humana passaria.
São Luís Gonzaga e São Geraldo Majella aparecem retratados com crânios, recordando para os católicos a brevidade da vida.
A imagem da caveira nos convida a duas reflexões essenciais:
- Nossa mortalidade – um dia iremos morrer e precisamos estar preparados.
- A vaidade da vida – tudo o que é terreno perece; somente o amor a Deus e ao próximo permanecem.
Essa recordação não devem gerar medo, mas libertar o coração das ilusões, afinal como nos lembra o apóstolo São Paulo: “A figura deste mundo passa” (1Cor 7,31).
Padre Pio vivia isso na prática, e centrava suas meditações, sobretudo, na Paixão de Nosso Senhor.
Essa contemplação funcionava como um “memento mori” diário, que reordenava suas prioridades para a eternidade.
Quando temos consciência de que tudo passa, nossas escolhas se purificam: o perdão deixa de ser um peso, a oração se torna urgente e a caridade se faz necessária.
Por isso, São Francisco de Assis chamava a morte de “Irmã Morte”, pois sabia que, unida a Jesus Cristo, ela deixa de ser condenação e se torna liberdade.
É essa libertação das ilusões terrenas que nos permite enxergar a morte com a clareza da fé.
A morte como porta para a vida eterna
Se para São Francisco a morte era uma “irmã”, é porque, depois da paixão e ressurreição de Jesus, ela deixou de ser uma porta fechada para se tornar a entrada para a vida definitiva.
Então, para o católico, a morte não é inimiga. Ela se tornou passagem, pois Nosso Senhor a venceu na Cruz.
Santa Teresinha do Menino Jesus resumiu essa verdade com doçura:
“A minha vida é só um instante
Uma hora passageira
Que me escapa e me foge
Tu sabes, ó meu Deus!
Para amar-Te aqui
Só tenho o dia de hoje!”
A morte é terrível para quem vive preso ao pecado, mas é doce para os que amam a Deus. Porque, para estes, ela é apenas a passagem desta vida para contemplar a face de Deus.
Portanto, quem ama, quem se doa, quem vive cada dia como último, pode chamá-la de bênção.
E para viver assim, preparado e sustentado pela graça, muitos se confiam à intercessão do Santo Padre Pio. Torne-se também Filho Protegido e viva já com o coração voltado para a eternidade.
E qual é a maior bênção senão, após a longa jornada da vida, finalmente chegar ao lar eterno e ver a Deus face a face?
Morrer é chegar em casa
E, se o Paraíso é a nossa verdadeira morada, considerar sua proximidade é o ato mais sensato que um peregrino pode fazer.
Por isso, meditar sobre a morte não é negativismo, mas o caminho mais lúcido do cristão. É colocar cada decisão sob a luz da eternidade.
Como dizia São Francisco de Assis, felizes são os que a morte encontra em conformidade com a vontade de Deus.
É essa conformidade que transforma a partida deste mundo não em um fim, mas na alegria de, finalmente, chegar em casa.
Precisamos aprender a olhar a morte de frente. Não como inimiga, mas como companheira que nos lembra do essencial: só Deus (e o que é de Deus) não passa.
Lembre-se: a morte não é o fim, mas o início da eternidade.
E, como recordava Padre Pio, manter os olhos no Céu muda a maneira de viver na terra: quem vive para Deus, quando morre, apenas chega em casa.






Uma resposta
Sabia lição de vida e de preparação para que nos lembremos que nada desta terra é nosso.
Que os ensinamentis aqui presentes sejam para mim uma reflexão dos meus dias.
Glorioso é o Senhor meu Deus é por intercepção do Santo Padre Pio nos lembra.
Amém, gratidão Senhor.