Revelações de uma alma no Purgatório ensinam como pequenos deslizes podem custar muito tempo neste lugar de purificação.

O mês de novembro está iluminado de modo particular pelo mistério da Comunhão dos Santos, que se refere à união e ajuda mútua que os cristãos podemos prestar reciprocamente.
Não estamos sozinhos. Fazemos parte de um grande corpo, onde a ajuda mútua é não apenas possível, mas profundamente desejada por Deus.
Enquanto caminhamos neste mundo podemos estender a mão às almas que se purificam no Purgatório.
Você pode fazer isso hoje mesmo, inscrevendo seus entes queridos na Liga de Resgate das Almas do Purgatório e oferecendo por eles Missas e orações.
Esses nossos irmãos e irmãs morreram na amizade de Deus, na sua graça, mas ainda carregam vestígios do pecado. Manchas que precisam ser removidas antes do encontro face a face com Deus.
Mas o que realmente motiva uma alma a precisar dessa purificação? A resposta nos chega através de uma visão celestial que deve servir de alerta para todos nós.
O Lamento no Tribunal Divino
Santa Brígida da Suécia viu, um dia, ante o Soberano Juiz, uma alma do Purgatório que estava trêmula e confusa.
A essa alma era intimada que declarasse publicamente os pecados que não tinham sido seguidos de penitência suficiente.
Com uma voz que cortava o coração, a alma exclamava: “Infeliz de mim, infeliz!” e em soluços, começou a enumerar tudo o que a manchava e a impedia de contemplar Nosso Senhor.
Deus permitiu que Santa Brigida visse isso para alertar a todos.
Afinal, as almas que ali padecem não foram pessoas más, mas sim aquelas que, embora boas, não se esforçaram o suficiente para alcançar a santidade.
Esta visão nos leva a uma pergunta crucial: que faltas são essas que consideramos leves, mas que têm consequências tão graves?
Os Vermes Roedores da Alma: Os 9 Motivos
Da confissão angustiada da alma à Santa Brígida, extraímos os nove “vermes roedores” que mais torturam os que partiram.
São falhas que, muitas vezes, consideramos leves, mas que, sem o arrependimento adequado, criam pesadas correntes.
Cada confissão desta alma deve soar como um sino de alerta para nossa consciência. Será que também não fazemos o mesmo?
1. Conversações Fúteis: “Perdi meu tempo, esse tempo bem precioso do qual todos os momentos podiam servir para expiar meus pecados, praticar uma virtude, merecer o Céu: eu o perdi em conversações fúteis – é por isso que sofro!”
Uma conversação vale a pena quando é edificante, ou seja, serve para nos instruir, para nos fortalecer na fé ou para uma sadia diversão.
Quando decai em futilidades, fofoca, é perigosa e pecaminosa.
Devemos recordar que precisaremos dar conta de todas as palavras que dissermos: “Toda a palavra fútil que as pessoas disserem, dela deverão prestar conta no Dia do Juízo” (Mt 12,36).
2. Ocupações Banais: “Perdi meu tempo em ocupações banais e sem objeto, em leituras recreativas demasiado prolongadas – é por isso que sofro!”
As distrações mundanas, quando excessivas, nos afastam do essencial.
Nós fomos criados para em todas as nossas atitudes louvar, reverenciar e servir a Deus e assim salvar nossas almas.
Por isso o apóstolo São Paulo recomendava: “Quer comais, quer bebais, fazei tudo para a glória de Deus” (I Cor 10,31).
3. Penitências Mal Feitas: “Esqueci por negligência minhas penitências sacramentais: as fiz mal por dissipação, e aceitei-as sem espírito de fé: – é por isso que sofro!”
A penitência que o sacerdote nos impõe após a confissão não é opcional. Ela é um meio de reparar as consequências dos pecados que cometemos. A negligência no cumprimento da penitência sacramental, impede nossa purificação completa.
4. Murmuração: “Caí em murmurações contra meus superiores, meu confessor, meus parentes; murmurações leves, sem dúvida, mas partidas do amor-próprio magoado, da falta de respeito, do ciúme; – é por isso que sofro!”
A murmuração, mesmo leve, fere a caridade e revela um coração descontente, que não aceita (ou resiste) a vontade de Deus.
5. Vaidade no Vestir: “Consenti em pensamentos de vaidade a respeito do trajar, sobre os acessórios da casa, acerca de predicados de família; vesti-me com orgulho, segui as modas com ostentação, afetei um asseio exagerado; – é por isso que sofro!”
A vaidade, manifestada no vestir e no cuidado excessivo com a aparência, revela um coração apegado às honras e aos prazeres humanos.
6. Volúpia no Comer e Beber: “Eu me proporcionei, sem nenhuma necessidade, pequenas sensualidades durante minhas refeições e fora delas, num viver voluptuoso e descuidado, num zelo excessivo do bem-estar, no abuso do descanso corporal, na fuga de tudo que naturalmente modificaria os sentidos; – é por isso que sofro!”
O apego aos prazeres sensíveis e ao conforto impede o crescimento na virtude da temperança e da fortaleza. São João Clímaco chega a dizer que a gula é porta para todos os pecados.
7. Busca de Elogios: “Em conversação, atirei ditos espirituosos com o fim de ser elogiado, apreciado, distinguido, e para brilhar mais que os outros; – é por isso que sofro!”
A busca de reconhecimento humano revela orgulho e vaidade disfarçados. Os santos sempre buscaram o contrário, ou seja, passar despercebidos pelos outros.
Padre Pio, por exemplo, sentia-se profundamente constrangido porque seus estigmas causavam excessiva curiosidade nas pessoas.
8. Ressentimentos: “Faltei à caridade que me chamava em socorro do próximo: faltei à caridade, deixando de o consolar, de o defender, de o aconselhar ao bem; conservando voluntariamente um pequeno pensamento de rancor, de inveja; – é por isso que sofro!”
O ressentimento é o grande responsável pelas rupturas, friezas de coração e distâncias dolorosas entre nós e aqueles que deveríamos amar. Os ressentimentos guardados, que ocasionam as faltas de caridade, são obstáculos graves à graça divina.
9. Negligências na Oração: “Omiti por negligência e incúria muitas comunhões que me eram permitidas: fui remisso em minhas devoções, pouco aplicado em meu terço e na oração; – é por isso que sofro!”
A negligência na vida de oração priva a alma das graças necessárias para a santificação, pois é pela oração que nos vem todas as graças e bênçãos do céu.
Não é por acaso que a Santa Missa é o meio mais poderoso que temos para ajudar as almas do Purgatório e a nós mesmos.
Participe da Liga de Resgate das Almas do Purgatório e inclua o nome dos seus entes queridos falecidos nas Missas semanais celebradas por estas almas esquecidas.
Prestemos Atenção em Nós Mesmos
“Meu Deus! Como estas confissões me instruem!”, poderíamos exclamar junto com Santa Brígida.
Cada um desses nove motivos convida a um exame de consciência profundo. Que tal reservar alguns minutos hoje para refletir: em qual desses pontos eu mais preciso crescer?
A lição dada por essa alma purgante é clara: a santidade não se perde apenas nos grandes pecados, mas se constrói (ou se destrói) nos pequenos detalhes do cotidiano.
A vida do Santo Padre Pio nos ensina que a luta contra estas negligências é diária. Por isso, ele aconselhava:
“Nas tuas infidelidades de todos os dias, humilha-te, humilha-te, humilha-te sempre. Quando Jesus te vir humilhado e humilde, irá estender-te a mão, e Ele mesmo pensará em te atrair para junto de Si.”
Este exame, porém, não deve nos levar ao desânimo, mas à confiança; pois Deus não nos abandona e sempre oferece o tempo e a graça para a conversão.
A Esperança que Deve nos Mover
A boa notícia é que, enquanto temos vida, temos tempo. Não é melhor padecer por um pouco, neste mundo, que padecer no outro por longo tempo, que pode ser até o dia do Juízo?
É mais sensato sofrer pouco e por pouco tempo, e com mérito, do que sofrer muito e por muito tempo, e sem mérito nenhum.
A jornada é exigente, mas a recompensa é gloriosa e eterna.
Que estas lições do Purgatório não nos paralisem pelo medo, mas nos impulsionem, com esperança, em direção à santidade.
Afinal, a maior caridade que podemos fazer por nossas almas é viver em graça hoje para morrer em graça quando Deus nos chamar.
Hoje, você pode praticar essa caridade viva. Junte-se à Liga de Resgate das Almas do Purgatório e faça parte dessa corrente de oração que liberta e consola.





