Mais do que dores físicas, a expressão do Cristo flagelado revela uma tristeza moral lancinante. Uma meditação para almas que ainda sabem sentir.
O olhar que acusa, mas não condena
Uma imagem. Um Cristo flagelado. Uma expressão que parece conter o peso de toda a humanidade.
É a partir dessa representação visual que esta meditação toma forma. Um olhar que fere mais do que os chicotes. Ele não grita. Não se contorce. Ele apenas olha.
E neste olhar — grave, sereno, dilacerado — está a pergunta que dilacera os corações ainda vivos: “Como estás tão triste, Senhor?”
Mas a pergunta não é dele para nós. É nossa para Ele.
Afinal, não foi a coroa de espinhos que o deixou assim. Não foram os algozes. Não foram os chicotes. Foi algo pior: a indiferença.
A tristeza dos que foram amados e abandonados
Não se trata de uma imagem que busca chocar. Trata-se de uma imagem que obriga a pensar. Que obriga a sentir. Que obriga a recordar que cada uma daquelas feridas foi causada por amor — e é esquecida por ingratidão.
Padre Pio dizia que a maior dor de Cristo era ver que seus sofrimentos seriam em vão para tantos.
E nesta imagem, podemos ver esse pensamento se encarnar: um Cristo pensativo, esmagado pela dor moral, pela dor de não ser amado.
Quem ama sabe: não há dor pior que o abandono dos que mais amamos.
Uma meditação silenciosa e altiva
Nesta fisionomia, o corpo está vencido, mas o espírito não.
Há uma altivez silenciosa, uma dignidade que não se rende à brutalidade. Os ombros dilacerados estão eretos. O pescoço, ferido, sustenta a cabeça erguida. A face pensa. Medita. Reza.
É o Deus feito homem, pensando em todos os que o abandonariam. Pensando em Pedro. Pensando em Judas.
Pensando em mim. Pensando em você.
E nós, o que fazemos diante desse pensamento divino?
A sociedade que não sente mais nada
Numa sociedade que assiste assassinatos como quem assiste um seriado, que ignora o sofrimento dos outros com a desculpa do “não posso me envolver”, que tem horror à dor e repulsa ao sacrifício… Cristo permanece lá, flagelado.
E seu olhar denuncia: “Vocês deixaram de sentir.”
Quantos de nós passamos por um indigente, um doente, um irmão caído, sem sequer mover os lábios numa oração?
Quantos vão à Missa como se fosse um protocolo social? Quantos rezam com o coração ausente?
A indiferença é o novo açoite
O olhar de Cristo flagelado, capturado com profundidade nesta imagem, parece dizer:
“Vocês se acostumaram com a minha dor. E isso é o que mais me fere.”
Nossa Senhora, em Fátima, advertiu: muitos vão ao inferno porque não há quem reze por eles.
Isso não é também um sinal da indiferença? A mesma que feriu o Coração do Filho, continua ferindo o Imaculado Coração da Mãe.
Diante disso, pequenos gestos podem se tornar grandes atos de amor. Acender uma vela em reparação, por exemplo, é uma forma silenciosa — mas poderosa — de consolar o Coração de Jesus, especialmente no Santíssimo Sacramento, onde tantas vezes Ele é esquecido e ofendido.
Clique aqui para acender a sua.
E nós? Como estamos olhando para Ele?
Há um ponto crucial: essa imagem não retrata apenas a dor de Cristo. Ela retrata nossa própria miséria.
Somos nós que estamos lá, refletidos em seus olhos: ora como Pedro, ora como Judas, ora como Pilatos… raras vezes como Verônica.
Ela não nos convida a contemplar. Ela nos exige uma resposta.
Essa resposta precisa nascer no fundo da alma: ou nos convertemos, ou continuaremos a lacerar esse Corpo com a nossa tibieza.
Um novo começo diante da dor
Essa imagem deve estar em nossas casas. Em nossos oratórios. Em nossas capelas. Como um lembrete constante de que não podemos ser cristãos mornos.
A imagem do Cristo pensativo é, antes de tudo, uma chamada à responsabilidade. Uma chamada que nos faz perguntar: “O que tenho feito por Ele? O que tenho feito com o sangue que Ele derramou por mim?”
Em tempos de confusão e apostasia, como os que vivemos, não se salvará quem não tiver um amor abrasador.
E isso nos ensina Padre Pio, que chorava diante do crucifixo como uma criança diante da dor de sua mãe.
Um novo começo exige ação. Rezar, sim. Meditar, sim. Mas também unir-se aos que querem amar mais profundamente.
Junte-se à Família Regina Fidei e não caminhe sozinho.